As vendas de veículos zero quilômetro no Rio Grande do Sul caíram 64% em maio, efeito das tempestades que causaram a tragédia das inundações do estado. Os números foram divulgados nesta quarta-feira pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), associação que representa as montadoras.
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Em abril, haviam sido vendidos 11.383 veículos novos no estado (5,2% do total vendido no país naquele mês) e em maio passado as vendas despencaram para 4.133 unidades (o equivalente a 2,1% do total vendido no país).
— Agora começamos a ter com mais clareza os efeitos que a inundação trouxe para as vendas, produção, fabricantes, fornecedores de autopeças, locadoras no Rio Grande do sul — disse Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, durante a divulgação dos números de maio do setor.
As vendas totais em maio de veículos novos no país atingiram 194 mil unidades, uma queda de 12% em relação a abril, quando foram emplacadas 221 mil unidades. Já as importações de veículos no país cresceram 38% entre janeiro e maio, enquanto as exportações no mesmo período deste ano, na comparação com 2023, caíram quase 30%, acrescentou a Anfavea.
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O presidente da Anfavea explicou que além do efeito Rio Grande do Sul, a queda nas vendas em todo o país aconteceu porque houve paralisações por greves em algumas montadoras, o mês tem um feriado prolongado e um dia útil a menos que abril, fatores que impactam negativamente as vendas.
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Os trabalhadores da Renault, na fábrica de São José dos Pinhais, Paraná, por exemplo, cruzaram os braços em maio, reivindicando melhoria na participação dos lucros e resultados. Pelo menos 16 mil veículos deixaram de ser produzidos.
Queda também na produção
Já em relação à produção, o estado gaúcho deixou de fabricar 12 mil unidades no mês passado, segundo a Anfavea. A principal montadora instalada no Rio Grande do Sul é a General Motors, que tem uma unidade na cidade de Gravataí. A planta gaúcha é a maior operação da GM na América do Sul e essa unidade ficou paralisada por 12 dias. Lá é produzido o Onix, um dos carros mais vendidos do país.
Unidades de outras montadoras que recebem peças fabricadas no Rio Grande do Sul, como a Volkswagen, em São Paulo, também foram afetadas pelos problemas da inundação com redução ou paralisação temporária da produção. Até a unidade da Stellantis em Córdoba, na Argentina, acabou sendo afetada.
De acordo com Márcio de Lima Leite, o Rio Grande do Sul tem mais de 500 fornecedores de peças, além de 600 concessionárias, por isso o impacto foi grande sobre o setor. Ele disse que a produção ainda não está 100% retomada, mas vem melhorando a cada dia.
— A questão no Rio Grande do Sul é complexa e está sendo analisada dia a dia. Mas a produção começa a ser retomada, embora não esteja 100% — explicou.
A General Motors confirmou que a produçõa já foi retomada e, na próxima segunda, serão retomados os dois turnos na fábrica da Gravataí. A montadora informou que não houve atrasos na entrega de veículos a clientes.
Produção total no país
A produção total de veículos no país, em maio, atingiu 167 mil unidades, frente às 222 mil unidades produzidas pelas montadoras em abril passado, uma queda de 24,9%. A queda nas exportações, a paralisação em montadoras, assim como o feriado e um dia útil a menos no mês passado, também impactaram as linhas de produção.
— Há fatores sazonais, greves, queda nas exportações para a redução da produção em maio. Mas em relação ao mesmo período de 2023, ainda há alta de 3% na produção ( 161,3 mil unidades fabricadas em maio passado frente a 149 mil no mesmo mês de 2023) — diz o presidente da Anfavea.
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Lima Leite lembrou que em abril a produção de 222 mil unidades havia sido a melhor do ano. Em abril, o setor foi um dos que puxaram a indústria, segundo os dados do IBGE.
Por enquanto, a Anfavea mantém as projeções de produção e vendas para este ano ano (2,4 milhões de unidades), mas no mês de julho a associação vai avaliar a situação e pode rever os números, disse Leite. Ele se mostrou otimista com as vendas diárias, que vêm mantendo ritmo acima de 9 mil unidades, o que pode ajudar a Anfavea a manter as projeções para este ano.
— Ainda é cedo para dizer a as projeções para o ano estão comprometidas. Estamos mantendo a estimativa, já que a média de vendas diárias se mantém forte. Em julho, vamos fazer uma revisão para ver se alteramos para baixo ou para cima — disse.