Vendas de veículos zero quilômetro despencaram 64% em maio no Rio Grande do Sul

Participação do estado nos emplacamentos do país recuou de 5,2% para 2,1%. No mercado nacional queda nos emplacamentos de carros novos foi de 12%

Por — São Paulo


Carros submersos em um estacionamento inundado em Porto Alegre Carlos Fabal/AFP

As vendas de veículos zero quilômetro no Rio Grande do Sul caíram 64% em maio, efeito das tempestades que causaram a tragédia das inundações do estado. Os números foram divulgados nesta quarta-feira pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), associação que representa as montadoras.

Em abril, haviam sido vendidos 11.383 veículos novos no estado (5,2% do total vendido no país naquele mês) e em maio passado as vendas despencaram para 4.133 unidades (o equivalente a 2,1% do total vendido no país).

— Agora começamos a ter com mais clareza os efeitos que a inundação trouxe para as vendas, produção, fabricantes, fornecedores de autopeças, locadoras no Rio Grande do sul — disse Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, durante a divulgação dos números de maio do setor.

As vendas totais em maio de veículos novos no país atingiram 194 mil unidades, uma queda de 12% em relação a abril, quando foram emplacadas 221 mil unidades. Já as importações de veículos no país cresceram 38% entre janeiro e maio, enquanto as exportações no mesmo período deste ano, na comparação com 2023, caíram quase 30%, acrescentou a Anfavea.

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O presidente da Anfavea explicou que além do efeito Rio Grande do Sul, a queda nas vendas em todo o país aconteceu porque houve paralisações por greves em algumas montadoras, o mês tem um feriado prolongado e um dia útil a menos que abril, fatores que impactam negativamente as vendas.

Os trabalhadores da Renault, na fábrica de São José dos Pinhais, Paraná, por exemplo, cruzaram os braços em maio, reivindicando melhoria na participação dos lucros e resultados. Pelo menos 16 mil veículos deixaram de ser produzidos.

Queda também na produção

Já em relação à produção, o estado gaúcho deixou de fabricar 12 mil unidades no mês passado, segundo a Anfavea. A principal montadora instalada no Rio Grande do Sul é a General Motors, que tem uma unidade na cidade de Gravataí. A planta gaúcha é a maior operação da GM na América do Sul e essa unidade ficou paralisada por 12 dias. Lá é produzido o Onix, um dos carros mais vendidos do país.

Unidades de outras montadoras que recebem peças fabricadas no Rio Grande do Sul, como a Volkswagen, em São Paulo, também foram afetadas pelos problemas da inundação com redução ou paralisação temporária da produção. Até a unidade da Stellantis em Córdoba, na Argentina, acabou sendo afetada.

De acordo com Márcio de Lima Leite, o Rio Grande do Sul tem mais de 500 fornecedores de peças, além de 600 concessionárias, por isso o impacto foi grande sobre o setor. Ele disse que a produção ainda não está 100% retomada, mas vem melhorando a cada dia.

— A questão no Rio Grande do Sul é complexa e está sendo analisada dia a dia. Mas a produção começa a ser retomada, embora não esteja 100% — explicou.

A General Motors confirmou que a produçõa já foi retomada e, na próxima segunda, serão retomados os dois turnos na fábrica da Gravataí. A montadora informou que não houve atrasos na entrega de veículos a clientes.

Produção total no país

A produção total de veículos no país, em maio, atingiu 167 mil unidades, frente às 222 mil unidades produzidas pelas montadoras em abril passado, uma queda de 24,9%. A queda nas exportações, a paralisação em montadoras, assim como o feriado e um dia útil a menos no mês passado, também impactaram as linhas de produção.

— Há fatores sazonais, greves, queda nas exportações para a redução da produção em maio. Mas em relação ao mesmo período de 2023, ainda há alta de 3% na produção ( 161,3 mil unidades fabricadas em maio passado frente a 149 mil no mesmo mês de 2023) — diz o presidente da Anfavea.

Lima Leite lembrou que em abril a produção de 222 mil unidades havia sido a melhor do ano. Em abril, o setor foi um dos que puxaram a indústria, segundo os dados do IBGE.

Por enquanto, a Anfavea mantém as projeções de produção e vendas para este ano ano (2,4 milhões de unidades), mas no mês de julho a associação vai avaliar a situação e pode rever os números, disse Leite. Ele se mostrou otimista com as vendas diárias, que vêm mantendo ritmo acima de 9 mil unidades, o que pode ajudar a Anfavea a manter as projeções para este ano.

— Ainda é cedo para dizer a as projeções para o ano estão comprometidas. Estamos mantendo a estimativa, já que a média de vendas diárias se mantém forte. Em julho, vamos fazer uma revisão para ver se alteramos para baixo ou para cima — disse.

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