Após Lula indicar freio nos cortes, Haddad diz que presidente nunca 'desautorizou' busca por 'equilíbrio nas contas'

Ministro diz que presidente 'resolveu enfrentar a questão' do ajuste no Orçamento

Por — Brasília


O presidente Lula e o ministro Fernando Haddad Cristiano Mariz/Agência O Globo/09-05-2024

RESUMO

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GERADO EM: 27/06/2024 - 12:42

Haddad defende equilíbrio nas contas públicas

Ministro da Fazenda, Haddad, afirma que Lula não desautorizou busca por equilíbrio nas contas públicas. Governo estuda cortes de benefícios irregulares e mantém vinculação do BPC ao salário mínimo. Lula critica presidente do BC e lamenta decisão sobre taxa de juros.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "nunca desautorizou" a pasta na busca pelo "equilíbrio das contas" e que o redesenho de politicas públicas "não vai prejudicar os mais pobres". No dia anterior, Lula havia indicado um freio nos cortes, ao dizer que a discussão deve considerar se um corte de gastos no orçamento realmente é necessário.

— O senhor resolveu enfrentar essa questão (desequilíbrio fiscal) e nunca desautorizou o Ministério da Fazenda na busca do equilíbrio das contas, pelo lado da receita, sim, porque a nossa receita caiu 2% do PIB pelas renúncias fiscais nos últimos anos, como apontado pelo TCU, mas também pelo redesenho das políticas públicas que está encomendada pelo presidente Lula, que vai ter a sabedoria de saber o que fazer e não fazer para não prejudicar a população mais pobre desse país — afirmou Haddad.

O ministro acrescentou que, a exemplo do que Lula costuma dizer, o governo sempre vai cuidar dos "mais vulneráveis da sociedade brasileira".

Avaliação interna

Na quarta-feira, sob pressão para equilibrar as contas públicas, Lula descartou desvincular pensões e o Benefício de Prestação Continuada (BPC), concedido a idosos e deficientes de baixa renda, do salário mínimo. A ideia, em discussão pela equipe econômica , tem sido apontada como uma forma de o governo ter uma folga para conseguir cumprir a meta fiscal.

Lula justificou ser contrário à desvinculação do BPC por não considerar o benefício como gasto e diz que a vinculação ao salário mínimo é uma forma de manter o pagamento de um valor necessário para uma pessoa sobreviver.

Ele também negou a intenção de alterar a regra de reajuste do mínimo, que considera a inflação e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

Atualmente, o BPC garante um salário mínimo a idosos de baixa renda de 65 anos para cima ou a pessoas com deficiência que, em ambos os casos, possuam renda familiar per capita de até um quarto de salário mínimo (R$ 353).

Medidas em discussão

O governo prepara uma série de medidas para detectar e cortar benefícios irregulares. Entre elas, o Ministério da Previdência Social prevê triplicar daqui até o fim do ano a economia já obtida com o pente-fino nos pagamentos de benefícios iniciado em janeiro.

No início da semana passada, Lula fez uma série de críticas ao presidente do Banco, Roberto Campos Neto, em entrevista à rádio CBN. Ao longo dos dias, o presidente deu novas declarações e voltou a subir o tom contra Campos Neto, a quem classificou, na sexta-feira, de adversário "político, ideológico e do modelo de governança".

A semana passada foi marcada por sucessivas críticas do chefe do Executivo a Campos Neto. Nos últimos dias, Lula disse que o presidente do BC “tem lado” e não demonstra “capacidade de autonomia”.

Na quinta-feira, Lula havia lamentado a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de manter a taxa básica de juros (Selic) em 10,50% ao ano, após sete cortes consecutivos iniciados em agosto do ano passado, quando a taxa estava em 13,75%.

A decisão do Copom acerca da manutenção da taxa básica de juros aconteceu na quarta-feira da semana passada. Mesmo os diretores indicados por Lula, que vem pedindo juros mais baixos, votaram pela interrupção do ciclo de cortes.

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