Delação premiada embasou a investigação da PF contra Americanas; veja o que se sabe sobre operação

Força-tarefa realizou diversas ações na sede da Americanas para obtenção de provas e recolheu equipamentos da companhia, como celulares e computadores

Por e — Brasília e Rio de Janeiro


A operação da Polícia Federa, realizada na Zona Sul do Rio Divulgação

RESUMO

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GERADO EM: 27/06/2024 - 08:21

Fraude bilionária na Americanas: operação da PF e prisões.

Operação da PF investiga fraude contábil de R$25,3 bilhões na Americanas, envolvendo ex-diretores e ex-CEO. Delação premiada e prisões foram realizadas, com indícios de manipulação de mercado e lavagem de dinheiro. Medidas judiciais visam recuperar mais de meio bilhão de reais em bens e valores dos envolvidos.

A Operação da Polícia Federal deflagrada contra a Americanas nesta manhã foi baseada na delação premiada de dois ex-executivos, que foram demitidos e fizeram acordo com o Ministério Público Federal (MPF). A delação foi feita por meio de uma força-tarefa envolvendo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Polícia Federal e o MPF.

Segundo fontes ouvidas pelo GLOBO, Marcelo Nunes , ex-diretor financeiro, e Flávia Carneiro, ex-superintendente de controladoria da empresa, ajudaram a apontar os "caminhos" do que esquema que levou a companhia a registrar a fraude bilionária, estimada em R$ 25 bilhões.

Desde a revelação do caso, a CVM chegou a abrir 21 processos administrativos, que são procedimentos de análise. Desses, 13 foram encerrados ainda no fim do ano passado. O restante está em andamento, dos quais dois já se tornaram inquéritos administrativos e outros dois, processos administrativos sancionadores.

Segundo essas fontes, a força-tarefa realizou diversas ações na sede da Americanas para obtenção de provas e recolheu diversos equipamentos da companhia, como celulares e computadores. Isso resultou na operação de hoje.

Também foram usados documentos enviados à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) em Brasília para obter provas de como a fraude era feita na empresa.

Em paralelo, a CVM ouviu, por meio de depoimento ou durante a inspeção nas dependências da companhia desde o ano passado, funcionários e ex-funcionários da Americanas, como Sergio Rial, que chegou a ser presidente da empresa e revelou o caso em uma teleconferência.

Foram ouvidos também ex-executivos como André Covre, José Timotheo Barros, Anna Saicali, Marcio Cruz e Eduardo Saggioro. A CVM ouviu ainda Miguel Gutierrez, ex-presidente da varejista, e Carlos Alberto Sicupira, um dos acionistas.

A operação da PF realizada nesta quinta-feira cumpre dois mandados de prisão, contra o ex-CEO da varejista Miguel Gutierrez e a ex-diretora Anna Saicali, ex-presidente da B2W, do grupo Americanas. Ambos estão foragidos e seus nomes serão incluídos na lista da Interpol. Também estão sendo cumpridos 15 mandados de busca e apreensão.

Gutierrez, que está no exterior, já negou ter cometido irregularidades. Ele está na Espanha há um ano. Anna Saicali foi para Portugal no último dia 15, segundo a colunista Malu Gaspar. Ela também já negou qualquer irregularidade.

PF deflagra operação para investigar fraude na Americanas. Agentes entram em prédio de um dos investigados — Foto: Reprodução de vídeo

De acordo com a PF, ex-diretores praticaram fraudes contábeis relacionadas a operações de risco sacado, que consiste numa operação na qual a varejista consegue antecipar o pagamento a fornecedores por meio de empréstimo junto aos bancos.

Também foram identificadas fraudes envolvendo contratos de verba de propaganda cooperada (VPC), que consistem em incentivos comerciais que geralmente são utilizados no setor, mas no presente caso eram contabilizadas VPCs que nunca existiram.

Na ação de hoje, a Justiça Federal determinou o sequestro de bens e valores dos ex-diretores que somam mais de meio bilhão de reais. Os mandados foram expedidos pela 10ª Vara Federal Criminal do Rio.

A PF informou que a investigação revelou ainda fortes indícios da prática do crime de manipulação de mercado, uso de informação privilegiada, também conhecido como "insider trading”, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Caso sejam condenados, os investigados poderão cumprir pena de até 26 anos de reclusão.

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