Lula defende diferenciar tributação de carne in natura da processada na Reforma Tributária

Lula já havia defendido uma diferenciação por corte, onde carnes que façam parte do "dia a dia" do povo não tenham imposto, enquanto carnes "chiques, importadas" continuariam sendo tributadas

Por — Brasília


Lula em evento no Jardim Ângela, na Zona Sul de São Paulo Edilson Dantas/Agência O Globo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quarta-feira a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero. Lula já havia defendido uma diferenciação por corte, onde carnes que façam parte do "dia a dia" do povo não tenham imposto, enquanto carnes "chiques, importadas" continuariam sendo tributadas.

— Vamos ter que entender que possivelmente a gente tem que separar o que é carne in natura e o que é carne processada para criar diferença, mas eu sinceramente sou daqueles que vai ficar feliz se eu puder comprar carne sem imposto. Eu que prometi durante a campanha que o povo ia voltar a comer picanha e a tomar cerveja — afirmou durante lançamento do Plano Safra para grandes empresas.

Após o evento, Lula afirmou a jornalistas que a população brasileira "pode ter certeza" que a comida ficará mais barato e que o país jamais será irresponsável do ponto de vista fiscal.

— Estejam certos de que a comida vai ficar barata, estejam certo que esse país jamais será irresponsável do ponto de vista fiscal. Eu tenho 10 anos na presidência

Lula ainda afirmou que o país precisa estar "calmo" porque tudo está acontecendo "favoravelmente" e que "desarranjos" são "consertados".

— O país tem que estar calmo porque está tudo acontecendo favoravelmente, se você tem um desarranjo qualquer você só tem que consertar

Nesta terça-feira, Lula defendeu uma diferenciação por corte, onde carnes que façam parte do "dia a dia" do povo não tenham imposto, enquanto carnes "chiques, importadas" continuariam sendo tributadas.

— Eu sou favorável. Já conversei isso com (Fernando) Haddad, já conversei isso com (Gabriel) Galípolo (diretor do Banco Central), com o pessoal do Tesouro. Acho que nós temos que fazer uma diferenciação. Você tem vários tipos de carne. Chique, de primeiríssima qualidade, que o cara que consome pode pagar o imposto. E você tem o outro tipo de carne, que é a carne que o povo consome. Frango, por exemplo, não precisa ter imposto, faz parte do dia a dia do povo brasileiro, ovo. Então, um músculo, acém, coxão mole, tudo isso pode ser evitado.

A Reforma Tributária, aprovada no Congresso no ano passado, previu imposto zerado para uma série de alimentos. Proteína animal, como carne bovina e frango, no entanto, ficou de fora dessa lista. Esses itens teriam apenas uma redução do tributo.

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Para Lula, a isenção pode ser incluída agora que a reforma será regulamentada pelo Congresso. Só após essa regulamentação que a nova tributação ou isenção passará a valer.

Os deputados do grupo de trabalho que analisa a regulamentação do primeiro texto da Reforma Tributária fecharam questão sobre a inclusão das carnes na cesta básica com alíquota zero. Em reunião no domingo, eles concordaram que as proteínas bovinas, de frango e peixe devem ser isentas de imposto.

Unificação de tributos

O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços). Juntos eles formam o Imposto sobre Valor Agregado (IVA), que vai unificar cinco tributos que incidem sobre o consumo hoje.

O IBS vai reunir o ICMS, imposto estadual, e o ISS, municipal. Já a CBS vai unir PIS, Cofins e IPI, todos de âmbito federal. As alíquotas de ambos vão somar os 26,5% previstos na regulamentação da reforma. Essa será a alíquota de referência a incidir sobre bens e serviços.

Essa alíquota, porém, poderá ser maior ou menor de acordo com as exceções e regimes especiais previstos da reforma. Os produtos da cesta básica, por exemplo, serão reduzidos e, em alguns casos, zerados.

O texto atual prevê que as carnes tenham um desconto no imposto de 60%. O que o grupo de deputados do grupo de trabalho defende, e que foi endossado por Lula, é que a alíquota seja zerada por completo.

Para compensar a isenção, os deputados avaliam ampliar a lista do chamado Imposto Seletivo, que terá uma alíquota maior que padrão. Será o caso de cigarro e refrigerante, por exemplo.

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