Taxação global de 2% sobre super-ricos traria arrecadação de até US$ 250 bi por ano, diz Haddad

Ministro da Fazenda defendeu aumento de impostos sobre bilionários como um dos caminhos para mobilizar recursos para o combate à fome e à pobreza no mundo

Por — Rio de Janeiro


Ministro da Fazenda, Fernando Haddad Brenno Carvalho / Agência O Globo

RESUMO

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GERADO EM: 24/07/2024 - 12:37

Fernando Haddad propõe taxar super-ricos para combater fome e pobreza

Fernando Haddad propõe taxar super-ricos em 2% para combater fome e pobreza, citando arrecadação de US$ 200-250 bi/ano. Destaca baixo investimento atual e necessidade de novos meios de financiamento, elogiando iniciativas de parcerias público-privadas e reformas nos bancos multilaterais.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a defender hoje a taxação dos super-ricos e apontou essa ideia em âmbito global como uma das medidas capazes de levantar recursos para ampliação de programas de combate à fome e à pobreza no mundo.

Em discurso no pré-lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, no Rio de Janeiro, onde lidera reunião de ministros de finanças do G20, cuja presidência é exercida pelo Brasil neste ano

Haddad disse ser “imperativo” uma mobilização para aumentar os recursos voltados ao enfrentamento da fome e da pobreza, incluindo parcerias público-privadas e a busca por novos instrumentos de financiamento para o desenvolvimento.

— Se os bilionários pagassem o equivalente a 2% de sua riqueza em impostos, poderemos arrecadar de US$ 200 a US$ 250 bilhões de dólares por ano. Aproximadamente, cinco vezes o montante que os dez maiores bancos multilaterais dedicaram ao enfrentamento da fome e da pobreza em 2022 — disse Haddad, ao citar estudo do economista francês Gabriel Zucman, realizado a pedido da força-tarefa do G20.

Participantes da Avaaz, da Oxfam, da Taxmenow e da Patriotic Milionaires defendem a taxação de super-ricos como medida necessária para a sustentabilidade e para reduzir a desigualdade social.

O ministro da Fazenda chamou atenção para o baixo investimento nos programas de combate à desnutrição e miséria. Segundo Haddad, pelos dados da OCDE, menos de 10% da ajuda oficial ao desenvolvimento se destina a combater a fome e a pobreza.

O ministro citou ainda que os dez maiores provedores multilaterais de financiamento ao desenvolvimento desembolsaram cerca de US$ 46 bilhões em 2022 para as duas agendas, o equivalente a 24,5% de todos os compromissos dos organismos.

— Precisamos buscar inovações e instrumentos de financiamento para o desenvolvimento, parcerias público-privadas, além de apoiar a reforma dos bancos multilaterais de desenvolvimento — frisou Haddad.

O ministro ainda elogiou a iniciativa do BID e do Banco Africano de Desenvolvimento para operacionalizar a canalização de Direitos Especiais de Saque (DES) do Fundo Monetário Internacional (FMI) como fonte de financiamento para iniciativas da Aliança Global Contra a Fome.

Na entrada de um evento paralelo ao G20 organizado pelos Emirados Árabes Unidos, sede da última Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28), com objetivo de discutir a ampliação de mecanismos para financiar o desenvolvimento sustentável, membros de movimentos sociais entregaram a Haddad, um documento defendendo a taxação de grandes fortunas.

Novas linhas de financiamento que viabilizem a transição energética em países pobres vêm sendo discutidas entre o governo brasileiro e o americano, informou Haddad. O ministro afirmou que a dívida de países desenvolvidos é um assunto que preocupa por sequestrar a liquidez global.

Segundo ele, países de baixa renda têm sofrido com a enorme escassez de financiamento barato e com a dificuldade de renegociar dívidas contraídas quando os juros estavam mais baixos.

— O Brasil fez uma série de apontamentos para que o FMI reformule a fórmula de empréstimos a juros subsidiados, e os Estados Unidos se prontificaram a apoiar iniciativas nessa direção — explicou.

Colaborou Letycia Cardoso

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