Google começa a testar respostas com IA generativa no Brasil; veja o que muda

Sistema, chamado de SGE, começa a rodar a partir desta quarta-feira em português; recurso gera resultados para pesquisas a partir de inteligência artificial alimentada com informações da internet

Por — São Paulo


Google vai começar a dar respostas criadas por inteligência artificial Unsplash

O Google lançou nesta quarta-feira, no Brasil, uma ferramenta que integra respostas criadas por uma inteligência artificial generativa aos resultados de buscas. Chamado de SGE (sigla, em inglês, para Experiência Generativa de Pesquisa), o sistema vai responder as pesquisas feitas no Google com um texto gerado por modelos de IA que usam informações públicas da internet.

Na prática, ao realizar uma pesquisa, o usuário terá como primeira resposta um texto pronto, ao invés da indicação de links relacionados ao tema. Ao lado do resultado gerado pela IA, estarão disponíveis as fontes de informações que corroboram o resultado. Será possível também clicar em trechos da descrição para saber de onde a inteligência artificial tirou aquela informação.

O SGE começa a operar a partir de hoje para usuários de 120 países, incluindo os brasileiros, como um experimento. Para ativá-lo, é preciso acessar um ambiente teste do Google chamado de Search Labs. No primeiro momento, a ferramenta estará disponível em desktop apenas pelo navegador do Google, o Chrome. Ele também poderá ser habilitado no celular, pelo app do buscador (em Android e iOS).

Os testes da busca com IA generativa chegam ao país alguns meses depois de serem lançados nos EUA, Índia e Japão. Em conversa com jornalistas, para apresentar o sistema, Bruno Pôssas, vice-presidente de Engenharia para a Busca do Google, disse que a integração da IA generativa para todos os usuários de buscas do Google deve acontecer gradualmente.

Exemplo de como funciona o SGE pelo celular — Foto: Divulgação/Google

— Estamos lançando o SGE como um experimento. À medida que incorporarmos os feedbacks dos usuários e aprendermos com esse processo, vamos graduar algumas funcionalidades do SGE para dentro da busca — afirmou o executivo. —Mas é um processo que pode demorar.

O sistema é similar ao lançado no início deste ano pela Microsoft, com o Bing, que traz respostas geradas pelo ChatGPT, da OpenAI. Nesse caso, a IA está integrada ao buscador para todos os usuários.

Como funciona (e como acessar) a busca com IA

O SGE é diferente do Bard, chatbot de IA conversacional lançado pelo Google este ano e que continuará a ser acessado em um link em separado. Ao ativar o SGE, o usuário receberá uma resposta gerada por IA em todas as suas pesquisas feitas na busca.

Telas com imagens do novo sistema de buscas — Foto: Divulgação/Google

Quem ativar o experimento, vai receber a resposta a uma busca com um texto da IA. O Google também vai sugerir próximas perguntas a serem feitas dentro daquele tema. Ao explorá-las, o usuário vai poder entrar em outra aba e interagir com a IA, fazendo perguntas.

Neste momento, o gerador de IA não irá criar imagens, algo com o qual o Google também tem trabalhado.

De onde vem a informação gerada

Segundo o Google, a base do SGE são informações da internet, com base na relevância e credibilidade. O sistema foi ajustado a partir do trabalho de treinadores manuais, que avaliaram as respostas geradas.

Como é um experimento, os usuários vão poder dar feedbacks para o conteúdo criado pelo SGE. Logo abaixo do texto, dois símbolos vão aparecer: um símbolo de "joinha" para cima e outro, para baixo. Segundo a empresa, o sistema conta com os mesmos filtros de segurança da Busca convencional - o que não garante completamente que ele não irá entregar ao usuário resultados equivocados ou conteúdo prejudicial.

Exemplo de como ficam os anúncios no SEG — Foto: Divulgação/Google

—Ainda é um experimento. Não necessariamente todas as proteções que colocamos vão ser suficientes para evitar que exemplos ruins aconteçam. A gente aprende com os feedbacks dos usuários. Eles podem clicar na mão com o "joinha" para baixo e explicar porque a experiência não foi boa - alerta Bruno Pôssas, VP de engenharia para o Google.

Da mesma maneira como acontece com os resultados convencionais do Google, os anunciantes também terão espaço no SGE. Os resultados pagos vão ficar separados, com a sinalização de que são publicidade.

Como o Google escolhe o que mostrar

Segundo o executivo, a curadoria dos links usados para gerar o conteúdo da IA foi feita de forma automatizada, e parte do treinamento dela foi realizada por humanos. Podem aparecer como referências para as respostas da IA, de notícias a conteúdos de redes sociais.

De acordo com o vice-presidente, os critérios para quais links vão ficar evidência vão seguir os mesmos da Busca convencional.

Ao ser questionado sobre a remuneração para os criadores de conteúdo que irão alimentar a IA, Pôssas disse que a empresa vem tendo tratativas com o mercado para criar um protocolo específico para o sistema. Segundo ele, depois que o protocolo for lançado, os provedores de conteúdo vão poder escolher se seu material poderá ou não ser usado para alimentar as respostas da IA.

— Esse protocolo ainda está sendo desenvolvido, ainda não está disponível. Por enquanto, toda e qualquer informação usada é pública na web. É a mesma informação que os serviços de busca usam.

Mais recente Próxima Caos na Austrália: dez milhões de pessoas ficam sem conexão de celular e internet após falha grave