Elon Musk vai à Justiça contra OpenAI, criadora do ChatGPT, por sua aliança com a Microsoft

Bilionário alega que startup prioriza o lucro e descumpre sua missão original, que era garantir que a inteligência artificial proporcionasse 'benefício para toda a humanidade'

Por Bloomberg — Nova York


Elon Musk, fundador da Tesla Bloomberg

O bilionário Elon Musk, fundador da Tesla e dono do X (ex-Twitter), foi à Justiça contra a OpenAI e o seu CEO, Sam Altman, alegando que eles violaram o acordo de fundação da startup de inteligência artificial (IA) ao priorizarem o lucro em detrimento do “benefício para a humanidade”.

Musk foi um dos financiadores da OpenAI em seus primórdios. E, agora, alega que a parceria da startup (mais conhecida pela ferramenta de IA ChatGPT) com a Microsoft minou sua missão original de criar tecnologias de código aberto (ou seja, que possam ser usadas por qualquer um), que não estivessem submetidas a prioridades de negócios.

A OpenAI foi a primeira a viabilizar para o grande público ferramentas da nova IA, conhecida como inteligência artificial generativa, capaz de criar textos, imagens, códigos de programação e qualquer tipo de linguagem a partir de comandos dos usuários e a partir de dados disponíveis na internet.

Muitos especialistas veem essa tecnologia como um passo importante para uma nova IA geral, ou seja, capaz de emular ou até mesmo superar a inteligência humana.

'Subsidiária da Microsoft'

"Até hoje, o site da OpenAI continua professando que sua missão é garantir que a inteligência artificial geral 'beneficie toda a humanidade'. Na realidade, no entanto, a OpenAI foi transformada em uma subsidiária de facto de código fechado da maior empresa de tecnologia do mundo: a Microsoft", disse Musk no processo aberto numa corte de São Francisco.

Musk foi um dos cofundadores da OpenAI em 2015, quando o laboratório foi inaugurado como uma organização não lucrativa cujo compromisso era criar uma inteligência artificial geral segura. Mas o bilionário deixou o conselho da OpenAI três anos depois, pouco antes da startup criar um braço para negócios, no qual a Microsoft investiu cerca de US$ 13 bilhões.

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A parceria da Microsoft com a OpenAI entrou na mira de reguladores do mercado, por potenciais riscos à concorrência, nos EUA, na Europa e no Reino Unido. Nesta semana, o presidente da Microsoft, Brad Smith, afirmou que as duas empresas são "importante parceiras", mas alegou que a sua companhia "não controla a OpenAI".

Musk, cujas empresas ficaram para trás nessa corrida tecnológica, tem criticado a OpenAI e alertado sobre os perigos da IA generativa e também da eventual ascensão de uma nova inteligência artificial geral.

Musk criticou a reestruturação da liderança da OpenAI no ano passado, um período tumultuado durante o qual Altman foi destituído como CEO, para em seguida, pouco tempo depois, ser reconduzido ao cargo com o apoio da Microsoft.

'Conselho sem experiência'

Musk argumenta no processo que Altman, o presidente da OpenAI Greg Brockman e a Microsoft trabalharam juntos para destituir a maioria dos membros conselho da startup, que era responsável por fazer cumprir sua missão original de desenvolver tecnologia para o benefício da humanidade.

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"Altman escolheu a dedo um novo conselho que não tem expertise técnica semelhante ou qualquer experiência substancial em governança de IA, que o conselho anterior tinha", alega.

"O novo conselho é constituído por membros com mais experiência em negócios centrados no lucro ou na política do que em ética ou governança de IA. Eles também são conhecidos por serem 'grandes admiradores de Altman'."

O caso marca uma escalada nas disputas públicas entre Musk e Altman. O processo terá implicações não apenas para a OpenAI, que busca levantar fundos e ver sua empresa ser avaliada em US$ 100 bilhões ou mais, mas também para a Microsoft.

A big tech tem sido uma das grandes beneficiárias do sucesso da OpenAI, ao usar as ferramentas da startup em seus produtos e serviços.

"Com essa reestruturação (no Conselho de Administração), a OpenAI abandonou sua missão sem fins lucrativos de desenvolver a inteligência artificial geral para o benefício da humanidade, mantendo-a assim fora das mãos de uma grande corporação com fins lucrativos, na qual vasto poder seria indevidamente concentrado", disse o processo.

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