Nvidia atinge US$ 3 tri na Bolsa e ultrapassa a Apple: conheça a segunda empresa mais valiosa do mundo

Ações da fabricante de chips já subiram 147% neste ano em Nova York, no centro da euforia do mercado com empresas ligadas ao desenvolvimento de inteligência artificial

Por — Nova York


Logo da Nvidia Bloomberg

As ações da Nvidia encerraram em alta de 5,2% nesta quarta em Nova York e atingiram a marca de US$ 3 trilhões em valor de mercado, superando a Apple. Os papéis da fabricante de chips usados para tarefas de inteligência artificial (IA) já acumulam uma alta de 147% neste ano na Nasdaq, a bolsa de empresas de tecnologia dos EUA, em meio à euforia do mercado com investimentos em empresas ligadas ao desenvolvimento de IA.

A fabricante de chips agora está atrás apenas da Microsoft em valor de mercado nos EUA e no mundo, mas com o desempenho das ações em alta, Wall Street vê como apenas uma questão de tempo até que a Nvidia a ultrapasse e assuma o primeiro lugar.

A empresa tem sido, indiscutivelmente, a maior beneficiária de um enorme fluxo de investimentos em IA, ajudando a colocá-la em segundo lugar como a empresa mais valiosa do mundo.

A empresa é considerada uma das 7 magníficas, como são chamadas as companhias de tecnologia de destaque no mercado acionário americano, juntamente com Microsoft, Apple, Meta (dona de Facebook, Instagram e WhatsApp), Alphabet (dona do Google), Amazon e Tesla.

O que é a Nvidia?

A história da Nvidia começou em fevereiro de 1993, em Santa Clara, na Califórnia. Três engenheiros da Silicon Grapichs (Jensen Huang, Chris Malachowsky e Curtis Priem) se juntaram e criaram uma empresa para acelerar os gráficos para PCs e apostar no crescente mercado de games.

A empresa foi pioneira no desenvolvimento de unidades de processamento gráfico (GPU) e, com o passar dos anos, revolucionou a indústria de jogos eletrônicos.

Atualmente, Jensen Huang dirige a Nvidia e é listado entre os homens mais ricos do mundo. Ele transformou com sucesso a empresa, que hoje domina o mercado dos chamados aceleradores: chips que ajudam a treinar os softwares de IA, bombardeando-os com dados.

O conhecimento profundo sobre chips e placas gráficas posicionaram a Nvidia de forma estratégica no mundo da IA. Isso porque toda e qualquer ferramenta dessa nova tecnologia, como o ChatGPT, tem necessidade de processadores de alto desempenho.

A empresa fabrica processadores para os mercados de jogos eletrônicos e profissionais, chips para o mercado de computação automotivo, além de soluções de data center e desenvolvimento de softwares para aplicação nas áreas da saúde e telecomunicações, por exemplo.

O crescimento da IA generativa é uma "nova revolução industrial", nas palavras de Huang, e a Nvidia espera desempenhar um papel importante à medida que a tecnologia migra para os computadores pessoais, disse o CEO durante um discurso recente na Universidade Nacional de Taiwan.

'É como tentar pegar um maratonista'

Por mais de um ano, a Nvidia superou as expectativas de lucros e preços das ações. No domingo, a empresa anunciou planos para uma nova geração de chips de IA a fim de se manter à frente da concorrência. Na segunda-feira, analistas do Bank of America elevaram novamente seu preço-alvo para um recorde de US$ 1.500, afirmando que o prêmio da Nvidia é justificado por sua perspectiva de crescimento.

— É como tentar pegar um maratonista que está correndo a toda velocidade — disse Adam Gold, fundador e diretor de investimentos da Katam Hil, em entrevista à Bloomberg. — Eles estão na corrida há muito tempo. No momento, têm uma grande vantagem e estão prontos para ampliá-la este ano e no próximo.

Gold faz parte de um consenso em Wall Street de que a liderança da Nvidia é inatacável, pelo menos por enquanto. Os rivais não conseguiram alcançar a Nvidia com chips que alimentam cargas de trabalho de inteligência artificial, conhecidos como aceleradores.

Há quem recomende cautela

A escala e o ritmo da ascensão da Nvidia geraram alguma cautela e até ceticismo. Mas até agora, os críticos continuam sendo provados errados.

Um deles é Rob Arnott, que tem alertado sobre uma bolha da Nvidia pelo menos desde setembro. Ele compara sua ascensão a outros queridinhos da tecnologia que alcançaram a glória apenas para ver a relevância de seus produtos evaporar: o PalmPilot foi ofuscado pelo BlackBerry, que, por sua vez, foi aniquilado pelo iPhone. Arnott vê a Nvidia da mesma forma.

— Quando as narrativas se adiantam, é quando extrapolam tendências recentes para o futuro — disse Arnott, fundador e presidente da Research Affiliates. — As vendas da Nvidia dobraram em 12 meses. Fantástico. Quanto tempo isso persiste?

Outros analistas expressam uma mistura de preocupação e surpresa com o sucesso da Nvidia, mas dizem que não podem deixar de comprar as ações. Por exemplo, JP Scandalios, vice-presidente sênior e gerente de portfólio da Franklin Equity Group, fica um pouco nervoso quando amigos, motoristas de Uber ou barbeiros querem falar com ele sobre a Nvidia — esse tipo de entusiasmo geralmente o deixa em alerta. No entanto, ele permanece otimista por causa dos números impressionantes em suas telas.

— Esse tipo de hype sempre me deixa um pouco nervoso — ele diz. — Mas volto ao meu modelo e olho para o fluxo de caixa descontado e penso, eles têm uma participação dominante e, se algo, parecem estar acelerando o ritmo da inovação. Os números se tornaram impressionantes muito rapidamente.

Estimativas crescentes

Os analistas esperam que o lucro líquido da Nvidia suba para US$ 65 bilhões, em média, neste ano, ante US$ 30 bilhões no ano anterior, de acordo com estimativas compiladas pela Bloomberg. Essas projeções aumentaram 10% apenas no último mês.

Nvidia não está apenas aumentando os lucros, mas também as margens de lucro, mostrando seu poder de precificação à medida que a receita dispara. Os analistas esperam que a margem bruta da Nvidia — a porcentagem da receita que permanece após os custos de produção — suba para 76% neste ano fiscal, acima dos 59% de dois anos atrás.

Dos 72 analistas acompanhados pela Bloomberg que cobrem as ações da Nvidia, 65 recomendam compra e nenhum recomenda venda.

Até Arnott, o cético da Nvidia, a descreve como "uma empresa maravilhosa com produtos fenomenais". Ele apenas não pode deixar de sentir que já viu esse filme antes.

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