Milei promete regulamentação 'sem restrições' para tornar a Argentina um centro global de IA

Para atrair investimentos de big techs, regras proporcionariam às empresas “proteção” contra os crescentes riscos regulatórios nos Estados Unidos e na Europa

Por O Globo, com agências internacionais — Buenos Aires


Milei vai se reuniu com Big Techs para tentar atrair investimentos para a Argentina Anita Pouchard Serra/Bloomberg

O presidente Javier Milei quer que a Argentina se torne “o quarto centro de inteligência artificial do mundo” e, para atrair o investimento das principais empresas de tecnologia para o país sul-americano, promete uma regulamentação sem restrições, o que proporcionaria “uma proteção” contra os crescentes riscos regulatórios nos Estados Unidos e na Europa, afirmou Demian Reidel, chefe do conselho de assessores econômicos de Milei, em entrevista ao Financial Times.

Segundo Reidel, o presidente argentino está realmente propondo ideias de liberdade, baixa regulamentação, livre iniciativa, e ''capturou o espírito do mundo da tecnologia”.

Na tentativa de atrair investimentos, Milei e Reidel foram à Califórnia em maio e se reuniram com executivos-chefes de big techs, incluindo Sam Altman, da OpenAI, e Tim Cook, da Apple.

Organizaram também uma cúpula com investidores e pensadores de inteligência artificial, incluindo o capitalista de risco Marc Andreessen, autor de “The Techno-Optimist Manifesto”, e o sociólogo Larry Diamond. Além disso, o presidente argentino se encontrou duas vezes com Elon Musk, dono da Tesla e da SpaceX.

Durante a entrevista a FT, Reidel brincou que o encontro com essas pessoas não tinha o objetivo de ''tirar uma foto''. Ele ressaltou que há um interesse mútuo em termos de investimento e sobre o que a Argentina pode oferecer em termos de regulamentação, tornando-se um local favorável para tais empresas operarem.

O jornal britânico aponta que outros governos latino-americanos também estão competindo para se tornar o Vale do Silício da região, e, segundo analistas, as empresas de tecnologia que forem para a Argentina precisarão fazer grandes investimentos em infraestrutura, como em servidores, e estar preparadas para enfrentar riscos políticos e econômicos.

Polarização política na Argentina: tanto manifestações contra, quanto a favor do governo Milei crescem no país

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Apesar das manifestações contra o governo se multiplicarem na Argentina, pesquisa divulgada em maio mostrava que a popularidade de Milei continua em alta, entre 47% e 51% tem uma visão positiva do presidente.

Falando ao FT, Ignacio Labaqui, analista sênior da consultoria de risco Medley Global Advisors, com sede em Buenos Aires, afirmou que, antes de investir, as empresas de tecnologia precisariam ver a Argentina se livrar de seus rígidos controles de capital e aprovar reformas econômicas de longo prazo. Ressaltou ainda que este processo está apenas começando e que é preciso cautela.

A reportagem do Financial Times lembra que os planos de Milei para a Argentina surgem em meio a uma grave crise econômica que elevou a inflação anual a 289%. Seis meses após assumir a presidência da Argentina, Milei ainda não conseguiu aprovar qualquer lei no Congresso para desregulamentar a economia e atrair investimentos.

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