Design nacional explode cores em acessórios ‘fun’ que exaltam selos do país

Bolsas e chapelões de palha bordados, costurados a franjas glamorosas, e até arrematados com cordões de pedras brasileiras são alguns estilos

Por Pedro Diniz


Modelo com as peças da grife Serpui Divulgação

Em meio à onda clássica demais, neutra demais e prática demais que toma as passarelas, a hora é de apostar nos acessórios. Quando se trata do design brasileiro, nossas cores e nossos ícones nunca estiveram tão em voga. E isso não tem nada a ver com a tendência verde e amarela do “brazilcore”.

Bolsas e chapelões de palha bordados, costurados a franjas glamorosas, e até arrematados com cordões de pedras brasileiras como aparecem na coleção da grife Serpui, coroam uma estética artesanal que por muito tempo foi vista aqui como caricata.

Sandálias com detalhes em renda da marca Alexandre Birman — Foto: Divulgação

Fauna e flora, hoje, convergem em detalhes delicados, como nas joias de Silvia Furmanovich, cujo foco é mesclar pedras, hastes de bambu e metais à iconografia natural do país.

Assim como a joalheira, Samuray Martins, da grife Akra Collection, é outro dos nomes mais quentes do design nacional no exterior. Ele faz sucesso com bolsas de palha produzidas por artesãs do Maranhão de Madagascar, cujos formatos carregam a onda maximalista da moda mundial, mas conservam traços da manufatura brasileira. “A regra é o contraste, abusar das cores no acessório para assumir alguma sobriedade no look”, diz Martins.

Segundo ele, que mora na Bélgica e já vendeu acessórios de palha para as marcas Isabel Marant e Agnès B., o Brasil agora reconhece o uso dessas peças para além das faixas de areia.

Flavia Aranha sabe bem disso. Sua colaboração mais recente é com o mestre em marchetaria Maqueson Pereira, do Acre. Ele é expoente da arte de unir lascas de madeira para formar símbolos e grafismos que mais parecem pinturas. Maqueson criou bolsas que injetam cor à neutralidade das roupas de Flavia.

Parte da ala mais esperta do design de moda subverte também as formas dos acessórios, mesmo quando a base é o couro. Airon Martin, da Misci, transformou em bolsa de ombro a cartucheira de Lampião. Transpassada, presa à cintura ou usada à tiracolo, o desenho exala a funcionalidade moderna do “made in Brazil”. “A moda passou um tempo sem esse selo de origem. O fato de a pandemia ter forçado os brasileiros a conhecerem o próprio país produziu um refino no olhar sobre aquilo que sempre esteve ao lado e não se dava valor”, explica a pesquisadora e analista de moda, Paula Acioli. E ela acrescenta: “O produto está diferente, o design está um patamar acima do artesanato. Diria que essa é a artesania brasileira”.

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