Como a Fifa escolhe as braçadeiras dos capitães

Hoje, os líderes das seleções usarão o acessório com a mensagem ‘Educação para todos’; protestos foram proibidos pela entidade

Por Tatiana Furtado — Enviada especial a Doha, no Catar


Cristiano Ronaldo entrega braçadeira para William Carvalho Odd ANDERSEN / AFP

Parte dos olhares do mundo na primeira fase da Copa do Catar foi para os braços dos capitães de algumas seleções europeias. Havia expectativa se eles enfrentariam a Fifa e carregariam a braçadeira da campanha “One Love”, a favor da causa LGBTQIAP+, comunidade que sofre repressão no país-sede. Cada qual a seu modo, os europeus protestaram pelos direitos humanos sem ferir o regulamento da entidade — ou ao menos não foram punidos por isso. Mas, mais uma vez, é a campanha “Football Unites the World” (Futebol Une o Mundo), da própria entidade, que está estampada nos acessórios das equipes presentes nas oitavas de final.

Um dos artigos da regra de competição da Fifa diz que as braçadeiras são de sua responsabilidade e confeccionadas por ela. Outro trata da proibição de manifestações políticas por times e público — o que explica as várias imagens de torcedores tendo bandeiras apreendidas, sendo retirados das arquibancadas e ameaçados por algum protesto.

Neste Mundial, a entidade disponibilizou seis tipos de braçadeiras diferentes relativas à sua campanha, em parceria com agências da ONU. Em cada fase, um tema está sendo abordado. Foi a forma de a Fifa trabalhar a questão dos direitos humanos sem melindrar a organização do Mundial catari, acusada de desrespeito em vários campos.

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Grandes nomes do futebol

Hoje, Lloris, Lewandowski, Koulibaly e Harry Kane carregarão em seus braços a mensagem da Unesco pedindo “Educação para Todos”. Nas três primeiras rodadas, quase todos os capitães usaram as braçadeiras “Futebol Une o Mundo”, “Salve o Planeta” e “Proteja as crianças, acabe com a fome”.

Houve quem escolhesse a braçadeira com os dizeres “No Discrimination” (Sem Discriminação), como o goleiro alemão Manuel Neuer, que tentou escondê-la no jogo de abertura contra o Japão, quando a seleção alemã posou para a foto com as mãos na boca em alusão à censura por parte da Fifa.

Protesto dos jogadores da Alemanha antes da partida contra o Japão na Copa do Catar — Foto: Anne Christine Poujoulat/AFP

Essa braçadeira é o carrochefe da campanha e pode ser usada em todas as fases do torneio, ficando a critérios das seleções. Também será a mensagem escolhida para as quartas.

Nas semifinais, os quatro capitães que avançarem terão de usar a braçadeira com a mensagem “Be Active” (Seja Ativo), em promoção da saúde e dos benefícios das atividades físicas. A finalíssima retoma o mote original da campanha “Futebol Une a Todos”.

A campanha mundial reuniu grandes nomes do futebol da atualidade ou do passado, entre jogadores e jogadoras, para promover as mensagens em anúncios veiculados na TV em toda parte do mundo. Kaká, Drogba, Cristiano Ronaldo, Messi e Neymar, cada qual na sua língua, deram o recado.

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