Uma seleção que possui entre seus atrativos os melhores jogadores da última temporada nos campeonatos Inglês e Espanhol, Phil Foden e Jude Bellingham, e o artilheiro do último Alemão, Harry Kane, além de vários outros fortes predicados individuais, parecia ter o caminho perfeito para funcionar sem grandes segredos. Porém, a Inglaterra está passando muito longe do posto de favorita ao qual foi alçada antes desta Eurocopa. Mesmo líder do Grupo C, a equipe de Gareth Southgate fez apenas cinco pontos, beneficiando-se do baixo nível apresentado pelos adversários. Hoje, a partir das 13h, enfrenta a Eslováquia, pelas oitavas de final, precisando se provar praticamente do zero.
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Os problemas que explicam o desempenho tão aquém do esperado e fazem crescer as críticas dentro e fora do país são de várias ordens. Apesar de tanta qualidade técnica reunida, contando ainda com nomes como Bukayo Saka, Declan Rice e Kyle Walker, as jogadas não estão fluindo em um time no qual se parece difícil construir associações.
Um número chama a atenção. Nos três jogos da fase de grupos — vitória contra a Sérvia e empates com Dinamarca e Eslovênia —, Foden deu mais passes para o goleiro Jordan Pickford (três) que para Kane (um). O arranjo não está funcionando, e a pressão pesa cada vez mais sobre o trabalho de Southgate.
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O treinador de 53 anos está à frente da seleção inglesa desde 2016 e foi fundamental para um resgate do espírito nacional. Sob seu comando, o talentoso time chegou à semifinal da Copa do Mundo de 2018 e foi vice-campeão da última Euro. Porém, certa estagnação observada tem lhe tirado muito desse crédito. Em especial, quando se trata do país que "inventou" o futebol, mas não tem títulos além do Mundial de 1966.
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Ao contrário do que diz a caricata música "Three Lions", de 1996, o "futebol nunca voltou para casa", sina que se espalha por gerações. Os ingleses foram eliminados em uma Euro no próprio solo naquele mesmo ano e ainda viram a geração de ouro, encabeçada por craques como Steven Gerrard, Frank Lampard, David Beckham e Rio Ferdinand fracassar em todas as grandes oportunidades.
No futebol da década de 2020, a Premier League se tornou a grande constelação de jogadores do planeta, desejada por atletas veteranos e jovens. Mesmo assim, o próprio futebol inglês ainda não se aproveitou para dar o próximo passo.
Além das deficiências coletivas, a Euro deste ano apresenta um time apático. São apenas dois gols em três jogos, e uma classificação que veio graças à estrela de Bellingham, que definiu, de cabeça, a vitória magra por 1 a 0 frente aos dinamarqueses, na estreia.
O mata-mata cria um novo torneio, e há mudanças capazes de virar a chave. Se Southgate pensar em recuar Bellingham para atuar como volante ao lado de Rice, levando Foden ao centro e incentivando Kane a buscar mais a bola, as peças podem se sentir mais confortáveis. Só que o técnico não pareceu preocupado em fazer ajustes enquanto ainda tinha tempo para testes.
Com muita expectativa e pouca correspondência, apenas mudanças táticas não serão suficientes para pôr o English Team na trilha e quebrar um jejum de seis décadas. Esta tem sido uma Euro em que outras favoritas, como a França, ainda não deslancharam. Mas nenhuma delas passa tanto a imagem de descrédito e desperdício de talentos como a seleção da Inglaterra.