Com conceitos que vão de Mahatma Gandhi ao Flamengo de 81, conheça Carlos Vitor, a mente pensante por trás do Nova Iguaçu

Técnico responsável pelo estilo ofensivo do Nova Iguaçu, Carlos Vitor está no semifinalista do Carioca há 32 anos

Por — Rio de Janeiro


Carlos Vitor está no Nova Iguaçu há 32 anos Divulgação

Uma das grandes atrações desse Campeonato Carioca, e até mesmo do futebol brasileiro é o surpreendente Nova Iguaçu. Segunda colocada na fase de grupos, com 24 pontos e apenas uma derrota, a Laranja Mecânica da Baixada joga por um empate contra o Vasco, no próximo domingo, para avançar para a final do estadual. Antes, na quarta-feira, enfrentará o Internacional, em Brasília, pela segunda fase da Copa do Brasil, depois de aplicar um histórico 8 a 0 no Itabuna-BA na primeira fase.

Com um estilo de jogo que estampa o DNA brasileiro, veloz, ousado e imprevisível —foram 26 finalizações contra o Vasco no domingo —, a equipe tem como mente pensante uma cria da casa. O técnico Carlos Vitor — ou “Cal” — está no clube há incríveis 32 dos seus 52 anos.

Depois de realizar parte da base em alguns times do Rio, Carlos Vitor foi visto por Vitor Lima, ex-diretor e atual vice-presidente do Nova Iguaçu, jogando uma pelada em 1992. Na época com 20 anos, Cal agradou no período de avaliação e foi contratado pelo clube, onde conquistou a Série B do estadual em 1994 e pendurou as chuteiras em 1999. Desde lá, foram várias etapas fora das quatro linhas como auxiliar e técnico das categorias de base até assumir o cargo de treinador do profissional no Carioca de 2021.

— Tive a sorte de, no meu começo, trabalhar como auxiliar do Carlos Alberto, lateral-direito do Flamengo em 1981, no sub-17. Era um estágio. Ele era oriundo daquela seleção, uma equipe que moveu gerações — lembrou Carlos Vitor ao GLOBO.

O treinador não esconde que uma das maiores inspirações de sua carreira no futebol é o Flamengo que conquistou a Libertadores e o Mundial naquele ano, ao lado da seleção canarinho de 1982. É com base nesse futebol vistoso, com toques rápidos, que jogadores como Xandinho, Yago (filho do ex-jogador Iranildo), Bill (ex-Flamengo) e Carlinhos (ex-Corinthians) têm se destacado. Cal dá liberdade para que eles jogadores exerçam suas individualidades e maximizem suas melhores características. O treinador lembra com carinho da atuação na vitória sobre o Vasco na Taça Guanabara (2 a 0, na quinta rodada):

— Foi um jogo espetacular, foi fantástico.

Ao lado dessas diretrizes, frisa Carlos Vitor, está a preocupação com a saúde mental e a qualidade de vida dos jogadores fora dos gramados.

— Sempre fui uma pessoa de ler muito. Li Mahatma Gandhi, Ayrton Senna, Bernardinho... Daí você vai tendo conotações que, com as ideias que você tem, propiciam que você seja fidedigno com essas questões (que valorizam a saúde mental). Se você não tiver com a mente boa, não vai conseguir produzir e performar. É importante ser equilibrado independente do que está passando. É difícil? Muito. Mas esse é o grande segredo — afirmou o treinador, que elegeu “Transformando Sonhos”, de Bernardinho, e “O Monge e o Executivo”, de James Hunter, como os livros favoritos.

Cria de Cordovil, bairro suburbano na zona norte do Rio de Janeiro, Carlos Vitor foi criado por uma família de ex-combatentes militares que era próxima da sua, por conta da necessidade dos pais de passarem a maior parte do tempo fora de casa trabalhando. Dessa criação, o treinador, que se considera um “privilegiado”, sempre carregou e se baseou na disciplina. Foi assim como atleta e segue como técnico. Por isso, vê no futebol mais que um esporte, mas uma forma de educação.

— Sabemos como o esporte educa, socializa, quando você faz de coração aberto e mente pura, entendendo a importância de formar com excelência. Isso é algo fundamental — disse.

Parceria com Andrezinho

Os conceitos têm criado uma fórmula de sucesso para o Nova Iguaçu. Mas Carlos Vitor faz questão de não carregar os louros sozinho. Entre jogadores, comissão técnica e diretoria, o treinador enfatiza a importância de um personagem específico: Andrezinho. Revelado pelo Flamengo, com passagens por Botafogo e Vasco e ídolo do Internacional, o ex-meia, atual coordenador técnico, é peça fundamental na engrenagem da Laranja Mecânica.

— O Andrezinho tem uma baita experiência. Nós temos uma relação muito boa, estamos sempre dividindo as coisas — explicou.

Mais recente Próxima Seleção brasileira: Léo Jardim, Fabrício Bruno e Galeno são convocados