Repescagem: Brasileirão também já teve seus dias de BBB; relembre

Nove edições do principal torneio nacional tiveram fases de reclassificação ao longo do século XX, gerando histórias que envolvem times grandes e surpresas

Por Davi Ferreira — Rio de Janeiro


Modelo adotado em Brasileirões do século XX, repescagem chega ao BBB 23 Montagem

A dinâmica de repescagem não é algo exclusivo do Big Brother Brasil 23. O reality show criou a "Casa do Reencontro", após a saída dos participantes MC Guimê e Cara de Sapato, e terá nesta quinta-feira o retorno de dois participantes que já haviam sido eliminados desta edição. A dinâmica não é estranha ao Campeonato Brasileiro, que já teve várias fases de reclassificação enquanto predominava o modelo de mata-mata, durante todo o século XX.

Na história da primeira divisão do torneio nacional, um total de nove edições contaram com fases de repescagem. Fosse para decidir apenas os clubes rebaixados para a Série B, ou mesmo dar uma nova chance para equipes ressurgirem na busca pelo título, a CBF testou alguns formatos que entraram na história do Brasileirão. As histórias que nasceram nestes anos incluem time de camisa pesada quase chegando à decisão, e surpresas fazendo história.

Um histórico Londrina

Durante a década de 1970, ainda nos primeiros anos do então consolidado Campeonato Brasileiro, quatro edições consecutivas ensaiaram os primeiros modelos de reclassificação. De 1975 a 1978, os torneios tiveram dois pontos em comum: nenhum deles tinha rebaixamento, e as repescagens davam vagas na terceira fase. A primeira classificava apenas os melhores para uma seguinte, mas os piores ganhava uma chance de correr por fora.

Variando a quantidade de grupos e participantes de um ano para outro, a ideia era sempre classificar uma quantidade resumida de equipes, quase sempre os vencedores do grupo de reclassificação, para a fase imediatamente anterior ao mata-mata decisivo. Nas três primeiras edições, ia-se da terceira fase para as semifinais, enquanto no último, para as quartas.

No Brasileiro de 1977, Londrina fez história batendo o Vasco em São Januário — Foto: Reprodução

A única história de destaque entre esses clubes que reviveram pela repescagem foi a do Londrina, em 1977. Após passar com 100% de aproveitamento em um grupo com Vasco, Flamengo, Corinthians, Santos e Caxias, só foi cair nas semifinais. O confronto contra o Atlético-MG foi duro e terminou com uma derrota por 6 a 4 no agregado. Os paranaenses não passaram nem perto de ter o mesmo sucesso em 1978, quando também passaram por essa situação. O Botafogo, em 1975, e o Vasco, em 1976, foram exemplos de equipes grandes que nada conseguiram.

Modelos diferentes nas mesma década

Após alguns anos sem adotar o modelo, quatro Campeonatos Brasileiros da década de 1980, em dois momentos, tiveram repescagens. Em 1989, ela inclusive recebeu o nome de Torneio da Morte. Não valia vaga na fase seguinte da disputa, mas definiu o rebaixamento para a segunda divisão. Inicialmente, havia 22 participantes naquele ano que teve o Vasco como campeão.

De dois grupos de 11 times, os oito primeiros de cada passavam, enquanto os três últimos iam para uma reclassificação. Essas seis equipes se enfrentaram em turno e returno, sendo que apenas as duas melhores se salvaram, enquanto os quatro últimos caíram. Em uma fase marcada por alguns clássicos, a dupla Bahia e Vitória conseguiu escapar, e Athletico-PR, Coritiba, Guarani e Sport desceram.

Já de 1982 a 1984, ainda com a mesma ideia da década anterior, a repescagem tinha o objetivo de classificar os times à segunda fase. O formato similar entre todos as edições: 40 clubes divididos em oito grupos de cinco. Em 1982 e 1984, os três primeiros se classificavam, e os oito quartos colocados iam à repescagem, para conseguir uma das quatro vagas na fase seguinte.

A diferença de 1983 é que quatro times da Taça de Prata ganharam uma chance junto aos 28 da primeira divisão. Neste ano, Goiás e Sport conseguiram chegar às quartas, assim como o Coritiba no ano seguinte.

A última vez marcada por clássicos mineiros

A edição de 1994 do Brasileirão foi disputada por 24 clubes, inicialmente divididos em quatro grupos de seis. Após turno e returno dentro das chaves, os quatro melhores de cada uma avançaram para a fase seguinte, enquanto os dois últimos foram para a repescagem. A segunda fase foi disputada em dois grupos e dois turnos, classificando seis times para as quartas: os quatro campeões de grupo em cada turno, mais os dois melhores colocados por fora.

Na repescagem, a ideia era que os oito piores clubes da fase inicial se enfrentassem em turno e returno, não apenas brigando contra o rebaixamento, pois os dois piores estariam na Série B. Além disso, os dois melhores tiveram o direito de ir diretamente para as quartas de final, fechando os oito da fase decisiva.

Após repescagem, Atlético-MG bateu Botafogo nas quartas do Brasileirão de 1994 — Foto: Reprodução / TV Globo

Dois times que caíram na repescagem foram os rivais de Minas Gerais. O Cruzeiro escapou por apenas uma posição de ir para a Segundona, o que aconteceu com Remo e Náutico. Já o Atlético ficou em segundo e avançou para as quartas, ao lado do Bragantino. Os dois clássicos acabaram sendo um atrativo, sendo os dois vencidos pelo clube alvinegro por 1 a 0. Seguindo para as quartas, o Galo passou pelo Botafogo, mas caiu na semifinal contra o Corinthians, que avançou à decisão e terminou vice para o Palmeiras.

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