Escondeu genitália: como Gabigol tentou fraudar exame antidoping e pegou dois anos de suspensão

Atacante urinou "escondido", sem permitir que o fiscal visualizasse a urina saindo do seu pênis, e deu brecha para ser denunciado

Por O Globo — Rio de Janeiro


Gabigol em ação em 2024 Marcelo Cortes / Flamengo

Por cinco votos a quatro, o atacante Gabigol pegou dois anos de suspensão após ser julgado por fraude ou tentativa de fraude de qualquer parte do processo de controle antidopagem. O camisa 10 da Gávea respondeu por infração ao artigo 122 do Código Brasileiro Antidopagem (CBA), em que a pena poderia chegar a quatro anos de suspensão. A equipe do atleta, defendido por Bichara Neto, vai recorrer a Corte Arbitral do Esporte (CAS). O atacante foi denunciado por ter dificultado a realização de exame antidoping em abril do ano passado.

A peça da acusação afirma que Gabriel tentou deliberadamente impedir o controle antidoping realizado pela Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) e ainda atrasou as coletas de sangue e urina, que foram feitas de maneira surpresa, no CT do clube, em 8 de abril.

Por que Gabigol foi condenado?

No caso do atacante do Flamengo, para a realização do exame, ele foi orientado a se dirigir ao banheiro e fornecer uma amostra de urina em uma vasilha. No entanto, consta no processo que Gabigol tentou esconder a genitália na hora de urinar no pote e foi agressivo com os oficiais responsáveis pelo exame.

Ao urinar "escondido", sem permitir que o fiscal visualizasse a urina saindo do seu pênis, o jogador teria dado brecha para ser denunciado por tentativa de fraudar o exame. A peça de acusação considerava que Gabriel tentou impedir o controle antidoping realizado pela Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) e ainda atrasou as coletas de sangue e urina, realizadas de maneira surpresa, no CT do clube, no dia 8 de abril.

O que é um exame antidoping?

De acordo com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o antidoping são exames laboratoriais feitos em amostras de material biológico como, por exemplo, urina ou sangue, coletados dos jogadores. As amostras são encaminhadas para análise nos laboratórios autorizados e certificados pela Agência Mundial Antidoping – WADA-AMA.

Na América do Sul, o único laboratório certificado é o Laboratório Brasileiro de Controle de Doping (LBCD), que fica no Polo de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ainda segundo a CBF, o "jogo limpo" é desejo daqueles que competem e, por isso, existem mecanismos educacionais, preventivos, regulatórios e punitivos caso contrário.

No artigo nº 5 do Código Mundial Antidopagem 2.021, é alertado que a finalidade dos teste é para “quaisquer fins antidopagem [...] Devem ser realizados para obter evidências analíticas sobre se o atleta violou [uma regra antidopagem]."

O que o exame pode apontar?

O antidoping tem como processo captar a presença de uma substância proibida em fluido corporal do atleta. Com a possível violação da regra, é aberta uma investigação por parte do Departamento de Gestão de Resultados da Organização Antidoping que tem a autoridade de teste para a determinada competição.

Se a matriz do exame utilizada for a urina, a CBF alerta que "será feita uma investigação analítica buscando a presença de uma substância, seus metabólitos ou marcadores presentes na Lista de Substâncias e Métodos Proibidos da WADA-AMA (a coleta é feita por um(a) DCO - Oficial de Controle de Doping)".

No caso do sangue como matriz, a Confederação sinaliza que será realizada a busca por agentes que atuam no processo de produção de eritrócitos e hormônio de crescimento (GH). A coleta é realizada por um BCO - Oficial de Controle de Doping de Sangue.

O exame laboratorial feito na urina ou no sangue coletado do atleta deve seguir os rígidos padrões internacionais para laboratórios estipulados pela WADA-AMA.

Veja detalhes sobre a suspensão

Daniel Chierighini Barbosa, auditor do Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem (TJD/AD), foi o relator do caso. A pena conta a partir do dia 8 de abril de 2023, data da coleta realizada no CT do clube. Sendo assim, como disse o Flamengo, a pena durará até o dia 8 de abril de 2025.

Segundo uma fonte próxima, a pena do jogador contará de forma retroativa por conta da distância entre a infração e o julgamento.

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