Prazer, Bia Souza. Nome já respeitado no judô, a brasileira passou a ser conhecida do público em geral ao conquistar a medalha de ouro na categoria +78kg dos Jogos de Paris, nesta sexta-feira. Uma hora após sua vitória na final sobre a israelense Raz Hershko, a paulista de 26 anos já ganhou mais de 1 milhão de seguidores no Instagram (ela tinha 13 mil antes de ser campeã olímpica). Todos querem saber sua história.
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Fã de rap e trap, ela não tem no judô sua única habilidade. Bia também se considera um sucesso na cozinha. Pratos salgados e bolos são sua especialidade. Quem aproveita este talento é a família, principalmente o marido Daniel Sousa, ex-jogador de basquete.
Nascida na cidade de Itariri, em São Paulo, ela cresceu em Peruíbe e já carregava o judô no sangue desde o nascimento. O pai, Poscedonio José de Souza Neto, foi judoca e, ao ver o interesse da menina, a incentivou a seguir a carreira no tatame.
O esporte foi a solução encontrada pelos pais para administrar sua hiperatividade. Mas, primeiro, tentaram a natação. No entanto, foi no tatame mesmo onde ela se encontrou. Aos 7 anos, seus olhos brilharam ao ver pela primeira vez um treino de judô.
Do começo na academia Associação Budokan de Peruíbe (SP), Bia seguiu sua trajetória até chegar ao Pinheiros, de São Paulo, onde hoje é treinada pelos ex-judocas Maria Suelen Altheman (que ganhou dela a vaga em Tóquio, em 2021, e adiou seu sonho de disputar a primeira Olimpíada) e Leandro Guilheiro.
No currículo, bronzes no Mundial de Budapeste, em 2021e no de Doha, em 2023, além de uma prata em Trashkent, em 2022. Chegou a Paris como a número 5 do mundo. Derrubou a número 1 (a francesa Romane Dicko), na semifinal e a número 2 (Hershko) na decisão. Agora, é campeã olímpica.
Mais do que medalhas, o judô foi importante para ela em seu processo de aceitação. Em entrevista para a revista Glamour, ela conta como se incomodava com o peso na adolescência e aprendeu a amar o corpo através do esporte.
"Na infância, eu não ligava para o que achavam do meu corpo. Mas isso mudou na adolescência, quando passei a me destacar por ser muito grande e muito alta, principalmente se comparada às amigas pequenininhas. Eu me sentia desconfortável, porque não sabia como lidar, nem me aceitava. Foi uma fase difícil. Observando as pessoas à minha volta, na minha categoria, e com a minha principal adversária técnica, Maria Suelen Altheman, eu aprendi que a melhor coisa que poderia fazer por mim era amar meu próprio corpo. E, assim, simplesmente me acostumei a gostar dele. O esporte me empoderou e mostrou o poder gigantesco que tenho dentro de mim", contou.