Próxima adversária de Imane Khelif, a boxeadora húngara Luca Anna Hamori se posicionou sobre a polêmica que tomou conta das Olimpíadas nesta semana envolvendo a argelina. Após a vitória na primeira rodada com a desistência da rival, Imane foi atacada com informações falsas: houve uma onda nas redes sociais de pessoas acusado-a de ser uma mulher transsexual ou “homem biológico” e questionando sua participação em Paris-2024.
A lutadora da Hungria, em entrevista aos repórteres presentes nos Jogos de Paris-2024, por sua vez, afirmou que não está preocupada com as histórias ou o que está acontecendo nas redes sociais envolvendo a argelina Imane Khelif. Hamori também garantiu estar focada apenas na luta contra a rival para ganhar uma medalha nos Jogos.
— Nós não lutamos ou treinamos antes. Não me importo com as histórias ou o que está acontecendo nas redes sociais agora, só quero ficar focada em mim mesmo. Eu vim aqui para ganhar uma medalha dos Jogos Olímpicos. Eu irei ao ringue e conseguirei minha vitória. Eu confio nos meus treinadores e confio em mim mesmo. Não estou com medo. Como eu disse, não me importo com a história e as mídias sociais — disse Luca Anna Hamori.
Classificada para as quartas de final, Imane Khelif enfrentará a húngara Luca Anna Hamori neste sábado, às 12h22 (de Brasília), no torneio peso-meio-médio (até 66kg) de boxe nas Olimpíadas de Paris-2024. A lutadora argelina ganhou sua primeira luta na Olimpíada em apenas 46 segundos, após a italiana Angela Carini ser golpeada no nariz e desistir.
Entenda o caso
A vitória de Imane Khelif na categoria do meio-médio acabou ofuscada pela disseminação de informação falsa de que ela seria uma atleta transgênero.
No ano passado, as pugilistas Imane Khelif e a taiwanesa Lin Yu-ting foram desclassificadas da Copa do Mundo, em Nova Delhi, organizada pela Associação Internacional (IBA) — hoje descredenciada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) —, após serem reprovadas nos testes de elegibilidade. A medalha de bronze de Lin foi inclusive retirada depois que ela não passou em exames “biomédicos” encomendados pela federação.
Com isso, as duas sofreram inúmeros ataques de internautas e até de companheiras de profissão, como Caitlin Parker, da categoria até 75 kg, que considerou "perigoso" ter a participação de atletas que não passaram em teste de gênero.
O tema mobilizou as redes, com ataques que levaram o COI a se pronunciar. Nesta quinta-feira, a entidade emitiu um comunicado informando que as atletas sofreram ataques enganosos em redes sociais e classificando os testes aplicados pela IBA como pouco claros e arbitrários. Antes disso, ambas sempre estiveram nos parâmetros estabelecidos pelo COI e pela Unidade de Boxe de Paris 2024 (PBU).
"Os ataques contra essas duas atletas se baseiam inteiramente nessa decisão arbitrária, que foi tomada sem nenhum procedimento adequado – especialmente considerando que essas atletas participam de competições de alto nível há muitos anos", disse o COI na nota.