Eleições EUA: Com crise de Biden, Kamala cresce em pesquisas e se torna opção mais viável contra Trump

Vice-presidente conquista melhores resultados nas intenções de voto do que o presidente e atual candidato em um cenário de disputa direta com o ex-presidente republicano

Por O Globo, com agências internacionais — Washington


Kamala Harris discursa em evento de campanha em Las Vegas; vice é opção para substituir Biden Justin Sullivan/Getty Images/AFP

RESUMO

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GERADO EM: 11/07/2024 - 12:09

Kamala Harris avança em pesquisas e pressão cresce contra Biden

Kamala Harris cresce em pesquisas e se torna opção viável contra Trump, enquanto pressão aumenta para Biden desistir da reeleição. Resultados mostram possível empate técnico entre Kamala e Trump, com Hillary Clinton também como alternativa competitiva. Pressão interna no Partido Democrata para substituir Biden aumenta, com Kamala assumindo papel mais ativo na campanha e criticando abertamente Trump. A vice-presidente se destaca em pesquisas pós-debate, mostrando potencial para enfrentar o ex-presidente republicano nas eleições de novembro.

À medida que cresce a pressão para que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, retire sua candidatura à reeleição, o nome da vice-presidente Kamala Harris começa a despontar em pesquisas de opinião como a opção mais viável para enfrentar o republicano Donald Trump nas eleições de novembro. Em ao menos três pesquisas feitas após a desastrosa participação de Biden no debate televisivo de 27 de junho, Kamala apareceu virtualmente empatada com Trump — em alguns casos à frente do ex-presidente — e com melhores chances de vitória do que o atual ocupante da Casa Branca.

A pesquisa de opinião mais recente, ABC-WashingtonPost-Ipsos, divulgada nesta quinta-feira, mostra a vice-presidente com 49% das intenções de voto, contra 47% de Trump, no caso de uma disputa direta entre os dois. A margem da pesquisa é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, o que indica um empate técnico. Também é importante observar que as pesquisas de opinião nos EUA consideram a intenção de votos nominais de eleitores registrados, enquanto o presidente é eleito pelo número de delegados que conquista no Colégio Eleitoral (em 2016, por exemplo, Trump foi eleito com um número de votos menor Hillary Clinton ).

A mesma pesquisa, realizada entre 5 e 7 de julho com 2.431 eleitores espalhados por todo o país, mostra Biden e Trump empatados, cada um com 46% das intenções de voto. O número é similar ao registrado em abril, quando Biden tinha uma vantagem de 1% sobre Trump, 46% a 45%.

A competitividade de Biden variou nas últimas semanas após o presidente mostrar dificuldades para manter o raciocínio e completar frases durante um embate televisivo com Donald Trump. Inicialmente, a campanha do democrata tentou reagir como se ele tivesse vencido o debate, alegando que ele teria falado a verdade enquanto Trump mentiu. Contudo, não conseguiu evitar as profundas críticas e as articulações dentro do próprio partido para substituí-lo — o que começou imediatamente a ser discutido como uma possibilidade real.

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As próprias pesquisas de intenção de voto passaram a incluir perguntas sobre a troca de nome do presidenciável democrata. No levantamento encomendado por ABC e Washington Post, 67% dos entrevistados disseram que Biden deveria se retirar da disputa (entre democratas, a maioria foi menor, 56%). Entre os nomes apresentados, Kamala foi tida como favorita, com 29%, seguida de longe pelo governador da Califórnia, Gavin Newson (7%). A maioria, contudo, não respondeu a questão (31% pularam a resposta).

Desde o debate, Kamala vem apresentando resultados mais consistentes nas pesquisas de intenção de votos. Em uma sondagem da firma Bendixen & Armandi, divulgada pelo portal Politico em 9 de julho, a vice-presidente aparece em empate técnico com Trump, com uma leve liderança dentro da margem de erro, 42% a 41%. Biden, por sua vez, aparece um ponto atrás, 42% a 43%. A margem de erro da pesquisa, realizada entre 2 e 6 de julho, que ouviu 1 mil prováveis eleitores, é de 3,1%.

O levantamento da firma mostra uma opção inusitada: à frente de Kamala, um nome que despontou foi o da ex-presidenciável democrata Hillary Clinton, derrotada por Trump em 2016. Hillary surgiu com a maior vantagem contra Trump, 43% contra 41%, ainda dentro da margem de erro. A mesma vantagem foi constatada se a chapa democrata fosse composta por Kamala e Hillary.

Com a cúpula do Partido Democrata imersa na crise sobre a candidatura à Presidência de Biden, incluindo a pressão de grandes doadores e arrecadadores de fundos democratas, como o ator americano George Clooney, publicações internacionais indicaram uma participação mais firme de Kamala na campanha, incluindo discursos com ataques diretos a Trump.

Durante um comício em Dallas, na quarta-feira, a vice-presidente afirmou que o ex-presidente republicano iria prender seus inimigos políticos, deportar manifestantes pacíficos e cassar a Constituição se voltasse ao poder.

— Considere: Donald Trump prometeu abertamente que, se for reeleito, será um ditador no dia um, que usará o Departamento de Justiça como uma arma contra seus inimigos políticos, prenderá manifestantes pacíficos e os expulsará de nosso país e, até mesmo, e cito, 'acabar com' a Constituição dos Estados Unidos — disse Kamala.

A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, aplaude o presidente Joe Biden durante um evento organizado pelo Comitê Nacional Democrata para agradecer aos trabalhadores da campanha, no Howard Theatre em Washington, DC — Foto: MANDEL NGAN/AFP

O jornal americano New York Times apontou que Kamala "criticou duramente Trump no passado", mas que tem sido "mais explícita" em eventos de campanha nos últimos dois dias.

Em Dallas, a democrata tentou vincular Trump ao Projeto 2025, um plano elaborado por dezenas de grupos conservadores para o próximo governo republicano. Entre as propostas da plataforma está a substituição de muitos cargos de funcionários públicos federais por nomeados políticos que seriam leais ao presidente.

O Projeto 2025, liderado pela conservadora Heritage Foundation, não é a plataforma oficial da campanha de Trump, e o antigo presidente procurou recentemente distanciar-se dela. Mas os planos foram desenvolvidos por alguns de seus antigos conselheiros — que são especulados como possíveis integrantes de seu futuro Gabinete, caso seja eleito.

Em um comunicado, Danielle Alvarez, porta-voz da campanha de Trump, acusou a “equipe Biden” de “promover o medo porque não têm mais NADA a oferecer ao povo americano”. (Com NYT)

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