Rei Charles causa polêmica no Reino Unido após encerrar patrocínio da monarquia à tradicional corrida de pombos

Família real participa do esporte desde que o Rei Leopold II da Bélgica deu aves de corrida à Rainha Victoria, em 1886

Por O Globo e agências internacionais — Londres


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O Rei Charles III irritou a comunidade de corrida de pombos após encerrar o patrocínio da monarquia ao esporte – apoiado com entusiasmo por sua mãe, a Rainha Elizabeth II, e por antecessores que remontam a seu trisavô Edward VII. Segundo publicado neste sábado pelo jornal britânico The Guardian, o monarca se recusou a continuar com dois patrocínios que a falecida rainha mantinha ao Royal Pigeon Racing Association, órgão regulador do esporte no Reino Unido, e ao National Flying Club, o principal clube do ramo no país.

A família real participa do esporte desde que o Rei Leopold II da Bélgica deu pombos de corrida à Rainha Victoria, em 1886. Desde então, houve uma pomba real em Sandringham, de onde os pássaros com o cifrão do monarca nas pernas eram levados para competir em corridas. O pombal real, de acordo com o Guardian, passou por uma renovação de 40 mil libras (R$ 280 mil) em 2015, quando a Rainha Elizabeth obteve permissão para construir uma nova residência, completa com caixas-ninho de última geração para os seus 200 pombos.

Agora, algumas figuras importantes no esporte temem que a modalidade esteja com os dias contados – e que, em última instância, o rei possa acabar com a participação de sua família no esporte, fechando completamente o pombal real. À mídia britânica, Paul Naum, tesoureiro do National Flying Club, criticou a decisão do monarca e disse acreditar que, “em cerca de 18 meses ou dois anos” o pombal será desmontado. Ele disse estar “desapontado” porque o ramo sempre teve “um membro da família real como patrono”, algo que “sempre foi motivo de orgulho”.

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Naum culpou os protestos do grupo de direitos dos animais People for the Ethical Treatment of Animals (PETA) pela aparente perda de entusiasmo do monarca pelo esporte. A organização tem pressionado o rei a encerrar o apoio às corridas, argumentando que é algo “cruel” e que resulta na morte de milhares de pássaros “exaustos ou desorientados” todos os anos. Em fevereiro, a Royal Pigeon Racing Association rejeitou a ideia de que o esporte é cruel. Chefe de desenvolvimento da Associação, Richard Chambers disse: “Um pombo só fará o que quiser fazer”.

— Agradecemos o Rei Charles por encerrar seu patrocínio a clubes de corrida de pombos que enviam pássaros à morte, enfrentando tempestades e travessias marítimas em sua leal busca de retornar ao parceiro de vida e aos filhotes. Esperamos que, em seguida, o rei desfaça o pombal real e o use como um santuário para pássaros perdidos, feridos ou indesejados — disse Ingrid Newkirk, fundadora da PETA.

Ainda segundo o Guardian, a Casa Real disse que o rei foi forçado a desistir de alguns dos patrocínios de sua falecida mãe devido à pressão do trabalho. Eles estão entre 200 dos patrocínios da Rainha Elizabeth que o rei abandonou após uma revisão em maio de cerca de 1.000 organizações. Um porta-voz do palácio se recusou a comentar.

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