Câmara do Chile aprova novo processo de redação da nova Constituição

Em setembro, um texto constitucional elaborado por uma Convenção Constituinte eleita foi reprovado em referendo por 62% dos eleitores, numa derrota para o presidente Boric

Por AFP — Santiago


O presidente chileno Gabriel Boric durante coletiva de imprensa no México em novembro Alejandro Cegarra/Bloomberg

O Congresso chileno deu luz verde nesta quarta-feira a um novo processo de substituição da Constituição elaborada durante a ditadura de Augusto Pinochet, depois que o esforço anterior fracassou no referendo de 4 de setembro. O texto que abre o processo de reforma da atual Carta Magna foi aprovado na Câmara dos Deputados por 109 votos a favor, 37 contra e duas abstenções, acima do quórum necessário.

Em setembro, um texto constitucional elaborado por uma Convenção Constituinte eleita foi reprovado em referendo por 62% dos eleitores, na principal derrota política do governo do presidente Gabriel Boric, que tomou posse em março.

Agora, o novo texto será redigido com a participação de uma "comissão de notáveis" aprovada por todos os partidos, antes de ser submetida a um novo colegiado de representantes políticos e levado à nova votação popular. A reforma, que mistura órgãos eleitos e nomeados, já havia passado pelo Senado e deve ser sancionada e promulgada pelo presidente Boric nesta semana.

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Durante décadas, a Constituição herdada da ditadura de Pinochet (1973-1990) foi apontada como responsável pelo modelo político, econômico e social vigente no Chile. Os protestos que irromperam em outubro de 2019 promoveram e apoiaram a ideia de que era hora de escrever uma nova Carta Magna.

Nesse novo processo constituinte funcionarão três instâncias, ao contrário da anterior, cujo projeto foi elaborado por convenção paritária de 154 membros eleitos pelo voto popular e com cotas reservadas aos povos indígenas.

Dessa vez, apenas os 50 membros do Conselho Constitucional serão eleitos em eleição, no próximo dia 7 de maio. Os 24 membros da Comissão de Peritos e os 14 da Comissão Técnica de Admissibilidade serão designados pelo Congresso. Tanto a Comissão de Peritos, que redigirá o primeiro esboço da nova Carta Magna, quanto o Comitê de Admissibilidade devem começar seus trabalhos em 6 de março.

Enquanto isso, o Conselho Constitucional começará a trabalhar em 7 de junho. Para aprovar os regulamentos e artigos do projeto, será necessário o voto favorável de três quintos dos conselheiros, e não os dois terços do processo anterior.

A atual reforma constitucional estabelece um novo referendo, que deve ser realizado em dezembro.

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