Papa Francisco diz que guerra na Ucrânia envolve 'interesses imperialistas'

Pontífice afirmou que se voluntariou para ir a Moscou negociar a paz, mas que a oferta foi rejeitada; líder católico completa nesta segunda-feira uma década de papado

Por O Globo e agências internacionais — Vaticano


Papa Francisco durante oração de ano novo no Vaticano Filippo Monteforte/AFP

O Papa Francisco criticou os "interesses imperialistas" que, de acordo com ele, estão por trás da guerra iniciada há mais de um ano na Ucrânia, após a invasão russa. De acordo com o pontífice, que completa uma década de papado nesta segunda-feira e tem dado uma série de entrevistas, tais interesses não são manifestados apenas por parte da Rússia.

A declaração do Papa argentino foi dada a um canal de TV suíço, ao ser questionado se ajudaria a mediar a paz. Francisco afirmou que voluntariou para ir a Moscou negociar a paz, mas que a oferta foi rejeitada.

— Mas há ali interesses imperialistas, não apenas do império russo, mas dos impérios de outros lados. É típico dos impérios colocar as nações em segundo lugar — disse o Papa. — As grandes potências estão todas envolvidas. O campo de batalha é a Ucrânia. Todos estão lutando lá — acrescentou.

Em seguida, o pontífice afirmou que os diversos conflitos que ocorrem ao redor todo o mundo, atualmente, equivalem a uma terceira guerra mundial. A íntegra da entrevista será publicada neste domingo.

Opinião sobre a Nicarágua

Nesta sexta-feira, uma outra entrevista do Papa Francisco foi publicada pelo site argentino Infobae. Na ocasião, o pontífice comentou questões políticas e qualificou a Nicarágua como uma "ditadura grosseira". Ele declarou que o presidente Daniel Ortega tem um "desequilíbrio".

As declarações foram feitas dias após o governo do país centro-americano decidir fechar as universidades vinculadas à Igreja Católica.

— Com muito respeito, não me resta senão pensar em um desequilíbrio da pessoa que lidera — disse Francisco, referindo-se a Ortega, no poder desde 2007 e reeleito sucessivamente em votações questionadas.

Na entrevista, o papa argentino fez referência, sem nomeá-lo, ao bispo católico Rolando Álvarez, condenado em fevereiro a 26 anos de prisão por, entre outras acusações, atentar contra a integridade nacional.

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