Papa Francisco, internado por infecção pulmonar, levantou algumas vezes possibilidade de renunciar

Em dezembro, Pontífice revelou que assinou uma carta de renúncia há quase uma década, caso uma eventual saúde precária o impeça de desempenhar suas funções

Por O Globo com agências internacionais — Vaticano


Papa Francisco desembarcando no aeroporto de Kinshasa, na República Democrática do Congo, em janeiro ALEXIS HUGUET/AFP

O Papa Francisco, que nesta quarta-feira foi internado por uma infecção pulmonar, revelou, pela primeira vez em dezembro, que assinou uma carta de renúncia há quase uma década, caso uma eventual saúde precária o impeça de desempenhar suas funções.

Mas essa não foi a única vez em que abordou o assunto. Em meados do ano passado, Francisco disse que deixaria o papado se problemas de saúde o impedissem de trabalhar, alimentando rumores sobre um possível afastamento em meio a sinais de deterioração de sua saúde.

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Em dezembro, Francisco explicou que assinou a carta e a entregou, em 2013, ao então secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, antes de este se aposentar. De acordo com o Pontífice, o então secretário deve ter repassado o documento ao seu sucessor, o cardeal Pietro Parolin.

— Já assinei minha renúncia em caso de impedimento médico — disse em entrevista ao jornal espanhol ABC. — Assinei e disse a ele: "Em caso de impedimento por motivos médicos ou sei lá, aqui está minha renúncia". Eles já a têm — explicou o Papa.

Questionado pelo entrevistador se gostaria que este fato fosse conhecido, Francisco respondeu:

— É por isso que vos estou a dizer.

Francisco tem um problema inoperável no joelho que o obrigou a usar cadeira de rodas por meses. A dor também o forçou a cancelar ou reduzir suas atividades várias vezes desde o ano passado.

Em uma entrevista em julho, ele reconheceu que precisava desacelerar:

— Não acredito que possa manter o mesmo ritmo de viagens de antes. Acredito que com a minha idade e com essa limitação, devo me preservar um pouco para poder servir à Igreja. Ou, ao contrário, posso pensar em ficar um pouco mais de lado. Não é uma catástrofe, não. Se pode mudar o Papa, isso não é um problema — disse.

Ao ser novamente questionado se pensava em renunciar, assim como seu antecessor, o Papa Bento XVI, o Pontífice voltou a ser ambíguo.

— Se eu já pensei em renunciar? A porta está aberta. É uma das opções normais. Mas, até hoje, eu não empurrei essa porta. Não cheguei a pensar nessa possibilidade. Mas, talvez isso não quer dizer que depois de amanhã começarei a pensar. Mas, nesse momento, sinceramente, não — pontuou.

O Papa Bento XVI, que morreu em dezembro, renunciou em 2013 devido a problemas de saúde.

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