O Papa Francisco, que nesta quarta-feira foi internado por uma infecção pulmonar, revelou, pela primeira vez em dezembro, que assinou uma carta de renúncia há quase uma década, caso uma eventual saúde precária o impeça de desempenhar suas funções.
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Mas essa não foi a única vez em que abordou o assunto. Em meados do ano passado, Francisco disse que deixaria o papado se problemas de saúde o impedissem de trabalhar, alimentando rumores sobre um possível afastamento em meio a sinais de deterioração de sua saúde.
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Em dezembro, Francisco explicou que assinou a carta e a entregou, em 2013, ao então secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, antes de este se aposentar. De acordo com o Pontífice, o então secretário deve ter repassado o documento ao seu sucessor, o cardeal Pietro Parolin.
— Já assinei minha renúncia em caso de impedimento médico — disse em entrevista ao jornal espanhol ABC. — Assinei e disse a ele: "Em caso de impedimento por motivos médicos ou sei lá, aqui está minha renúncia". Eles já a têm — explicou o Papa.
Questionado pelo entrevistador se gostaria que este fato fosse conhecido, Francisco respondeu:
— É por isso que vos estou a dizer.
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Francisco tem um problema inoperável no joelho que o obrigou a usar cadeira de rodas por meses. A dor também o forçou a cancelar ou reduzir suas atividades várias vezes desde o ano passado.
Em uma entrevista em julho, ele reconheceu que precisava desacelerar:
— Não acredito que possa manter o mesmo ritmo de viagens de antes. Acredito que com a minha idade e com essa limitação, devo me preservar um pouco para poder servir à Igreja. Ou, ao contrário, posso pensar em ficar um pouco mais de lado. Não é uma catástrofe, não. Se pode mudar o Papa, isso não é um problema — disse.
Ao ser novamente questionado se pensava em renunciar, assim como seu antecessor, o Papa Bento XVI, o Pontífice voltou a ser ambíguo.
— Se eu já pensei em renunciar? A porta está aberta. É uma das opções normais. Mas, até hoje, eu não empurrei essa porta. Não cheguei a pensar nessa possibilidade. Mas, talvez isso não quer dizer que depois de amanhã começarei a pensar. Mas, nesse momento, sinceramente, não — pontuou.
O Papa Bento XVI, que morreu em dezembro, renunciou em 2013 devido a problemas de saúde.