Os problemas enfrentados por médicos e pacientes brasileiros no Sistema Nacional de Saúde (SNS) de Portugal continuam sem uma solução prática, apesar de permearem os debates durante a Cúpula Luso-Brasileira. Alguns temas sequer chegaram a entrar na pauta. Os ministérios da Saúde dos dois países vão assinar uma carta com sete pontos, mas sem avançar, de imediato, para a resolução das dificuldades cotidianas dos brasileiros. O destaque seria a preparação para enfrentar futuras epidemias e emergências em saúde.
- Imigrantes: Em Portugal, maioria dos brasileiros sofreu discriminação nos serviços públicos
- Preconceito: Declarações do presidente da Ordem de Portugal indignam médicos brasileiros
Os brasileiros residentes em Portugal, principal parceiro do Brasil em termos de cooperação na área da Saúde, têm duas grandes reclamações em relação ao atendimento no SNS: discriminação e dificuldade de inscrição. Segundo a ministra da Saúde, Nísia Trindade, são questões que precisam de trabalho.
– É um ponto para estar na nossa cooperação. São dois sistemas com visão de sistema aberto, onde todos possam ser atendidos, nacionais e imigrantes. Precisamos trabalhar para que os brasileiros sejam acolhidos – disse ela.
A ministra garantiu, após reuniões com autoridades da Saúde de Portugal, que o sistema está aberto aos imigrantes, apesar dos relatos diários de problemas enfrentados pelos brasileiros.
Lula chega à China; veja fotos
– A fala do Ministério da Saúde de Portugal é de que o país vê de forma positiva a entrada de brasileiros, portanto eu acho que temos um bom campo para explorarmos. Os sistemas de saúde hoje são muito pressionados pelos fatores de novos agravos, das dificuldades de provimento e creio que é uma pauta que podemos avançar – declarou Trindade.
A mobilidade de profissionais de Saúde, amplamente criticada pelos médicos e enfermeiros brasileiros que tentam trabalhar em Portugal, foi abordada, mas não faz parte do acordo.
– Não faz parte do acordo, mas fez parte das conversas. É possível avançar na mobilidade, no intercâmbio, já houve boas experiências, mas é um ponto a ser avançado. Comentei o relançamento do programas Mais Médicos e a possibilidade de aprender com experiências da Saúde da Família no Brasil e promoção da Saúde em Portugal. Há uma análise em Portugal da dificuldade aqui no país de fixação de profissionais de Saúde – explicou a ministra.
Apesar da dificuldade de fixação de profissionais, que desfalcam o SNS, os brasileiros reclamam das dificuldades de inscrição na Ordem dos Médicos, obrigatória para o exercício da profissão. A questão sequer foi debatida
– Não foi debatida. Esse ponto certamente fará parte da nossa discussão numa agenda de prospecção e desdobramentos dos pontos que serão firmadas nesta carta conjunta – explicou Trindade.