Lula volta a dizer que Ucrânia também é responsável por conflito com a Rússia: 'Do jeito que está a coisa, a paz está muito difícil'

'A decisão da guerra foi tomada por dois países', disse o presidente, antes de deixar Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos

Por Manoel Ventura — Brasília


Lula é recebido no Palácio Presidencial de Abu Dhabi Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a dizer, nesse domingo, que a Ucrânia também foi responsável pela decisão de entrar em guerra com a Rússia. O presidente Lula falou antes de encerrar a visita a Abu Dhabi, última escala da viagem que teve como destino principal a China.

— A construção da guerra será mais fácil que a saída da guerra. Porque a decisão da guerra foi tomada por dois países. E agora nós estamos tentando construir um grupo de países que não têm nenhum envolvimento com a guerra, que não querem a guerra, que desejam construir paz no mundo, para conversarmos tanto com a Rússia quanto com a Ucrânia — declarou o presidente.

Lula disse também que é necessário conversar com os Estados Unidos e com a União Europeia sobre o assunto.

— Temos que ter em conta que é preciso conversar também com os Estados Unidos e a União Europeia. Ou seja, nós precisamos convencer as pessoas de que a paz é a melhor coisa para estabelecer qualquer processo de conversação. Do jeito que está a coisa, a paz está muito difícil.

O presidente brasileiro defendeu o fortalecimento da governança global e a que as negociações para a paz na Ucrânia sejam conduzidas por um grupo semelhante ao G20 — o grupo que reúne as maiores economias do mundo — envolvendo países neutros na articulação para por fim à guerra, que já dura mais de um ano.

Lula disse que falou com o presidente Chinês, Xi Jinping, e com o presidente dos Emirados Árabes Unidos, xeque Mohammed ben Zayed al Nahyan, e afirmou acreditar na possibilidade de êxito na formação do grupo.

— É importante criar um outro G20 para acabar com a guerra e estabelecer a paz. Nós estamos encontrando um conjunto de pessoas que preferem falar em paz do que em guerra.

O presidente Lula disse ainda que os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, não tomam a iniciativa de encerrar o conflito e que os Estados Unidos seguem contribuindo para a continuidade da guerra.

— O presidente Putin não toma a iniciativa de parar, o Zelensky não toma a iniciativa de parar. A aeronáutica dos Estados Unidos terminam dando uma contribuição para a continuidade dessa guerra. Nós temos que sentar numa mesa e dizer chega. Vamos conversar porque guerra nunca trouxe ou nunca trará benefícios.

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No sábado, antes de sair de Pequim, o presidente brasileiro defendeu que os Estados Unidos precisam parar de incentivar a guerra para que possa haver uma solução para crise. Nesse domingo, Lula afirmou ter conversado, também, anteriormente, sobre a mesma proposta, com os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da França, Emmanuel Macron, além do primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz.

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