Há menos de 24 horas do encerramento do prazo de registro de candidatura, lideranças de diversos espectros políticos da Argentina trabalhavam para definir os nomes que se enfrentaram em 22 de outubro, para definir o sucessor de Alberto Fernández na Presidência do país. A configuração ao fim desta sexta-feira apontava para a candidatura única do ministro da Economia, Sergio Massa, pela frente governista Unión por la Patria (UP); Javier Milei como candidato único pela Libertad Avanza, de extrema-direita; e uma disputa de primárias na coalizão de centro-direita Juntos por el Cambio, opondo o prefeito de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, e a ex-ministra da Segurança de Maurício Macri, Patricia Bullrich.
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A confirmação de Massa como candidato do oficialismo, apoiado por Alberto Fernández e Cristina Kirchner, veio no começo da noite de sexta, após uma reunião de última hora com o presidente e a vice — distanciados há meses —, e uma série de negociações frenéticas. Fernández e Cristina, segundo fontes do jornal argentino La Nación, atuaram diretamente para que outros dois pré-candidatos que pleiteavam uma vaga nas primárias argentinas retirassem suas candidaturas: o embaixador no Brasil, Daniel Scioli, e o ministro do Interior, Eduardo de Pedro. Os dois retiraram oficialmente suas candidaturas.
"Por responsabilidade institucional, política e social, nosso espaço decidiu formar uma lista de unidade que nos representará nas próximas eleições", informou a UP em sua conta no Twitter. E acrescentou: Nosso candidato a presidente será Sergio Massa e Agustín Rossi o acompanhará como candidato a vice-presidente".
Disputa interna
Na coalizão de centro-direita Juntos por el Cambio, confirmou-se o cenário mais provável, com disputa de primárias. O prefeito de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, anunciou que concorreria à vaga da coalizão à Presidência, ao lado do governador da província de Jujuy Gerardo Morales, seu vice
— Os argentinos precisam de uma mudança real, profunda e total, mas o mais importante é que se mantenha ao longo do tempo porque ou se não, é inútil. Se não mudarmos a vida das pessoas, não há mudança, estamos vivendo insegurança, inflação, temos que ir até o fim para mudar a Argentina — disse Larreta.
O chefe de governo de Buenos Aires enfrentará nas Primárias Abertas Simultâneas e Obrigatórias (Paso), que antecedem a eleição presidencial, em 13 de agosto, a ex-ministra da Segurança, Patricia Bullrich. Patricia indicou como vice o ex-deputado radical Luis Petri, recém derrotado nas primárias para o governo de Mendoza, mas cujo desempenho foi visto como promissor.
— O time que montamos vai jogar pelo povo. Não vai ser uma mudança que vai ficar pela metade. Será uma mudança consistente e decisiva — afirmou a candidata ao anunciar sua chapa.
Logo após o anúncio de Sergio Massa como candidato do oficialismo, a ex-ministra reagiu pelas redes sociais. "O incendiário se candidata a bombeiro", afirmou, referindo-se ao fato de Massa liderar a pasta da Economia, uma das mais contestadas no atual pleito — s campanha eleitoral ocorre em um contexto de grave crise econômica, com uma inflação muito alta, acima dos 100%, e uma forte queda nas reservas internacionais, que afetam a imagem do governo de esquerda.
Extrema direita definida
Candidato mais à direita no pleito argentino, Javier Milei terá o caminho livre até o dia 22 de outubro. Sua coalizão, a Libertad Avanza, foi a primeira a revelar seus candidatos.
Milei, um antissistema comparado a Jair Bolsonaro e Donald Trump, terá a como vice a deputada Victoria Villarruel, que o acompanhou nas eleições legislativas de 2021.
Milei sofreu uma série de deslizes políticos nos últimos dias, com maus resultados em eleições locais importantes até denúncias públicas de corrupção. Mas sua candidatura segue entre as principais, segundo analistas do país
Após o anúncio das candidaturas, Milei comparou seus opositores nas redes sociais: “De um lado Massa. Do outro Larreta. As duas faces da mesma moeda. A garantia de que nada mude”.
Ao menos outros cinco pré-candidatos devem confirmar-se na disputa até o fim dos registros.
Para vencer uma eleição no primeiro turno na Argentina são necessários 45% dos votos, ou 40% com uma vantagem de pelo menos dez pontos percentuais em relação ao segundo colocado.
(Com La Nación)