O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu, nesta terça-feira, que os países-membros do Mercosul ajudem a "conversar" sobre o caso da Venezuela, que enfrenta uma série de denúncias de violações de direitos humanos e está afastada do bloco. Nesse sentido, o petista criticou a tentativa de "isolamento" do país de Nicolás Maduro por parte do restante da América do Sul.
Lula também pontuou não conhecer os pormenores da inabilitação da principal candidata da oposição, a ex-deputada venezuelana María Corina Machado, na última sexta-feira, medida que a deixa inelegível por 15 anos.
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— No que a gente puder contribuir, quem tiver relação, dar palpite e puder conversar, temos de conversar. O que não pode é a gente isolar e levar em conta que apenas os defeitos estão de um lado, os defeitos são múltiplos. Então precisamos conversar com todo mundo — afirmou.
O presidente voltou a falar sobre o tema depois de receber, do presidente argentino, Alberto Fernández, a presidência rotativa do Mercosul durante a 62ª cúpula de chefes de Estado do bloco. O encontro começou nesta segunda-feira em Puerto Iguazú, cidade argentina localizada na tríplice fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina.
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Com a passagem da presidência ao Brasil, Lula comandará o grupo pelos próximos seis meses. O petista havia ignorado, entretanto, a questão venezuelana no seu discurso inicial. Ele somente abordou o tema depois de ouvir críticas dos presidentes do Uruguai, Lacalle Pou, e do Paraguai, Mario Abdo Benítez, que rechaçaram a gestão Maduro e os últimos acontecimentos no país.
— Acho que, entre nós, temos de tentar não deixar ninguém para fora. Na minha campanha [presidencial], lançamos a campanha "ninguém larga a mão de ninguém". Temos de trazer as pessoas de fora do Mercosul — ponderou.
Lacalle Pou e Abdo Benítez citaram, especificamente, o caso de Corina Machado, considerada a favorita para vencer a nomeação da oposição venezuelana para presidente nas primárias inicialmente previstas para outubro.
Engenheira de 55 anos, a ex-deputada lidera as pesquisas para as primárias com 13 candidatos. O vencedor dessas prévias vai enfrentar o presidente Nicolás Maduro nas eleições de 2024.
— Sobre a Venezuela, não conheço pormenores dos problemas da candidata, mas vou conhecer — disse o presidente brasileiro.
Por fim, Lula citou o caso da Nicarágua, país presidido por Daniel Ortega, que é acusado de exilar alguns dos seus principais opositores.
— Assumi o compromisso com o papa Francisco de conversar com o presidente da Nicarágua e quem puder conversar, vamos conversar — emendou.