Cerca de 150 mil hectares são queimados em incêndios na Grécia

Descrito como 'maior incêndio florestal já registrado na União Europeia', fogo já deixou ao menos 25 mortos e atinge santuário de rapinas

Por , Em AFP — Atenas, Grécia


Moradores apagam um incêndio em Avanta, perto de Alexandrópolis Sakis MITROLIDIS / AFP

Os incêndios florestais que atingem a Grécia desde o dia 19 de agosto já queimaram ao menos 1,5 mil quilômetros quadrados, quase duas vezes a cidade de Nova Iorque, incluindo um grande foco na região norte. A informação foi divulgada nesta quinta-feira pelo primeiro-ministro da Grécia, Kyriakos Mitsotkis.

O principal foco de incêndio é o Parque Nacional de Dadia, na região de Evros, fronteira com a Turquia. Em treze dias, o fogo destruiu mais de 81 mil, segundo o observatório europeu Copernicus. A floresta densa de pinheiros e carvalhos é um importante santuário para aves de rapina.

Já nas encostas do Monte Parnitha, ao norte de Atenas, o incêndio queimou mais de 6 mil hectares, mostrou o estudo. As ilhas Egeu e Jônica perderam mais de 50 mil hectares e o fogo obrigou a saída de milhares de turistas e moradores.

As ilhas turísticas Rodes e Corfu também foram atingidas por incêndio, após uma onda de calor em julho, que levou o sul do país a registrar de 46ºC.

— Porque é que tantas áreas queimaram neste verão na Grécia? — questionou o chefe de Governo em um debate no Parlamento sobre os acidentes nesta quinta.

As operações de combate aos focos de incêndio seguem ao longo do dia, no qual atuam cerca de 600 bombeiros com o apoio de dez aviões e sete helicópteros. Na semana passada, a capital ateniense amanheceu coberta de fumaça e com um forte cheiro de queimado.

'Condições extremas'

O incêndio, descrito pela Comissão Europeia como "o maior já registrado na União Europeia", já deixou ao menos 25 mortos desde o início do verão. Entre eles, a maioria era migrantes: 20 supostos foram encontrados queimados, incluindo duas crianças, perto de Alexandrópolis, capital de Evros. A região é próxima da fronteira com a Turquia.

Especialistas falam em "desastre ecológico" e econômico na região, que é certamente uma das mais pobres da Grécia. Mitsotkis, conservador, voltou a culpar as "condições extremas da crise climática" e a longa onda de calor que afetou o país em julho, seguida por "ventos secos e quentes", pela catástrofe.

O primeiro-ministro disse que "houve ventos extremamente incomuns em Evros" e "pequenos focos que assumiram proporções de pesadelo". Mitsotkis também lembrou do período de "semanas com mais de 500 incêndios" neste verão.

O principal partido de esquerda e oposição, o Syriza, considerou que Mitsotakis, no poder desde 2019, é "responsável por esta catástrofe natural sem precedentes".

— Depois de quatro anos de governo, não há tempo nem espaço para desculpas —criticou o presidente do partido, Socratis Famellos.

Mitsotakis prometeu que os agricultores e habitantes que perderam as suas casas serão indenizados.

Nesta terça-feira, o governo grego anunciou uma série de medidas para as regiões afetadas e obras para evitar enchentes, um perigo agravado pela destruição das florestas.

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