Líder da extrema direita francesa é acusada de desvio de verbas da UE; pena pode chegar a 10 anos de prisão

Gabinete do procurador de Paris recomenda que Marine Le Pen e outras 26 pessoas sejam julgadas por suposta fraude com recursos do Parlamento europeu

Por O Globo com agências internacionais — Paris


Líder da extrema direita francesa, Marine Le Pen Miguel Medina / AFP

A líder da extrema direita francesa e ex-candidata à Presidência, Marine Le Pen — e o pai dela, Jean-Marie Le Pen — poderão responder na justiça por suposta fraude no uso de fundos europeus, junto a outros 25 integrantes do partido de ultradireita Reunião Nacional. O gabinete do procurador de Paris pediu ao tribunal criminal, nesta sexta-feira, que o grupo e a legenda sejam julgados por crimes com penas de até 10 anos de prisão, após sete anos de investigações.

O caso envolve alegações de que o partido, então chamado Frente Nacional, usou verbas que a União Europeia destina a assessores parlamentares para pagar pessoas que na verdade trabalhavam para a legenda em funções ligadas à política doméstica, entre 2004 2 2016.

Os procuradores querem levar ao tribunal 11 ex-deputados do Parlamento europeu — entre eles, a líder de extrema direita e o pai — por acusação de desvio de fundos públicos, além de 13 assistentes parlamentares acusados de receber o dinheiro. Outras 3 pessoas, entre elas o ex-tesoureiro do partido, foram apontadas como cúmplices. Marine Le Pen, Jean-Marie Le Pen e outros quatro, assim como o partido Reunião Nacional, ainda podem enfrentar acusações de cumplicidade no uso indevido de fundos públicos. De acordo com o gabinete do procurador, os envolvidos podem ser condenados a até 10 anos de prisão.

“Nós contestamos a visão que parece deturpar o trabalho de deputados de oposição e de seus assistentes. Vamos apresentar completamente nossos argumentos diante da corte”, declarou o partido em nota.

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De acordo com o Ministério Publico, as investigações partiram de denúncias de que assistentes parlamentares do então Frente Nacional ocupavam simultaneamente empregos dentro do partido e funções no Parlamento europeu que pareciam “incompatíveis".

Marine Le Pen, que negou qualquer irregularidade, foi acusada de uso indevido de fundos em 2017, depois de se recusar a ser interrogada pelos juízes franceses que investigavam o caso. Em entrevista, o prefeito de Perpignan e integrante do Reunião Nacional citado no caso, Louis Alliot, disse se tratar de uma manobra política.

— As requisições chegam, como que por acaso, num ano eleitoral em que o partido está em alta — disse Alliot, em referência à eleição de domingo para o Senado francês.

A Reunião Nacional tornou-se a maior força de oposição contra o presidente Emmanuel Macron. Marine Le Pen chegou ao segundo turno nas últimas três eleições presidenciais, com uma diferença cada vez menor do vencedor. (Com Bloomberg)

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