Brasileiros recebem mantimentos em Khan Younis: 'A gente estava louco para beber água boa'

Veículos contratados pelo Itamaraty estão de prontidão à espera dos brasileiros que querem fugir da zona de conflito

Por O Globo — Rio de Janeiro


Brasileiro celebra chegada de água e alimentos em Khan Younis Reprodução

Hasan Rabee, um brasileiro que está na cidade de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, celebrou nesta terça-feira a chegada de água e comida enviadas pelo governo federal. Nos últimos dias, desde que o Hamas lançou uma ofensiva contra Israel, e o país reagiu com bombardeios e um "cerco total" à região, o brasileiro havia relatado que a família estava sem tomar banho e só consumia água salgada.

Em vídeo divulgado à imprensa, Hasan Rabee mostra fardos de água e sacolas de alimentos que, segundo ele, chegaram à família por ação da embaixada brasileira na região.

— Dá para bastantes dias. Agradeço muito — afirmou o brasileiro. — A gente estava louco para beber água boa.

Desde o início do conflito, em 7 de outubro, Gaza vive uma crise humanitária, com a escassez de alimentos, água e a sobrecarga nos hospitais locais. Nesta terça, o Programa Mundial de Alimentos (PMA) afirmou que os estabelecimentos comerciais da região têm comida para mais quatro ou cinco dias apenas.

"Nas lojas, os estoques (de alimentos) são de apenas alguns dias, talvez quatro ou cinco dias", afirmou a porta-voz do PMA, Abeer Etefa. Um acordo sobre a entrada de ajuda humanitária em Gaza continua bloqueado.

O embaixador do Brasil no Egito, Paulino Franco Neto, disse esperar "boas notícias", nesta terça-feira, das autoridades egípcias, para a retirada do grupo de cerca de 30 pessoas (entre brasileiros e palestinos imigrantes) que aguardam a abertura da fronteira do país com a Faixa de Gaza. Segundo ele, a ideia é que os cidadãos nacionais e seus descendentes diretos sigam até Cairo, de onde tomariam um voo da Força Aérea Brasileira (FAB) para o Brasil.

— Nossa prioridade absoluta é a retirada o quanto antes de brasileiros de Gaza e fazê-los viajar ao Brasil, em voo da FAB, que deve partir do Cairo — afirmou o diplomata ao GLOBO.

Perguntado sobre as chances de surgir uma resposta, em meio ao cenário de incertezas e dos riscos decorrentes do contra-ataque de Israel ao grupo palestino Hamas, Paulino Franco Neto afirmou:

— É uma operação complexa. Para isso, contamos com o apoio decidido e inestimável das autoridades egípcias. Vamos ver se até amanhã, terça-feira, teremos boas notícias.

Os brasileiros que estão em Gaza tentam fugir da região, diante do aviso de Israel de que os contra-ataques vão continuar. O Hamas disparou foguetes, bombas, matou a tiros e sequestrou centenas de pessoas que moram no sul do país. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou guerra do grupo palestino.

Segundo uma nota divulgada nesta segunda-feira pelo Itamaraty, os brasileiros que vivem na Faixa de Faza permanecem concentrados, nas localidades de Khan Younis e Rafah —cidade mais próxima à fronteira com o Egito. Veículos contratados pelo governo brasileiro estão de prontidão, aguardando a abertura da passagem de Rafah.

"O Brasil vem reiterando gestões, em alto nível, com vistas a viabilizar a entrada dos brasileiros e seus familiares diretos no Egito. Aeronave para seu transporte ao Brasil segue em Roma, onde aguarda autorização para resgatar, em território egípcio, os brasileiros procedentes da Faixa de Gaza", diz um trecho da nota.

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