'Parem de eleger defensores da morte', diz Stephen King, que vive na área em que atirador matou pelo menos 18 pessoas

Escritor best-sellers de suspense e terror, autor de 'It: A coisa' e 'O Iluminado', mora a menos de 80 Km de um dos locais do ataque de quarta à noite, no estado americano do Maine

Por O Globo


Stephen King AFP

O escritor Stephen King — autor de uma série de obras adaptadas para o cinema, como 'It: A coisa', 'O Iluminado' e 'Carrie' — repudiou nesta quinta-feira o ataque a tiros na cidade de Lewiston, no Maine. Natural de Portland, a maior cidade do estado do nordeste americano, King mora a menos de 80 Km dos locais do disparos da noite de quinta e criticou a facilidade em se adquirir armas nos Estadis Unidos e a "loucura em nome da liberdade" pela tragédia da noite desta quarta-feira.

“Os disparos ocorreram a menos de 80 km de onde eu moro. Cursei o Ensino Médio na cidade de Lisbon (que fica ao lado). São as armas de fogo, pessoal. Isso é loucura em nome da liberdade de expressão. Parem de eleger defensores da morte”, escreveu King em uma publicação na rede social X (antigo Twitter).

Em uma outra publicação, o escritor afirmou que casos como o do Maine “não acontecem em outros países”. Os EUA têm mais armas do que pessoas — um em cada três adultos possui pelo menos uma arma e quase um em cada dois adultos vive numa casa onde há o menos uma arma — e mais de 15 mil foram vítimas da violência armada desde o início do ano no país.

Famoso por suas obras de terror, King vem advogando pela regulação da venda de armas nos Estados Unidos. Em 2013, escreveu um ensaio intitulado “Guns” (Armas, em tradução livre) no qual defendia a proibição de armas automáticas e semiautomáticas, afirmando que são “armas de destruição em massa”.

Ataque a tiros no Maine — Foto: Arte/O Globo

Em recente entrevista concedida ao criador do universo “Game of Thrones”, George R. R. Martin, citada pelo jornal britânico Guardian, King afirmou que enquanto as pessoas puderem “comprar uma máquina de matar” com facilidade, em qualquer loja, outros massacres acontecerão.

— Depende realmente de nós — afirmou.

O ataque desta quarta-feira foi descrito como o mais mortal registrado este ano, segundo a associação Gun Violence Archive (GVA). Um homem abriu fogo contra um bar-restaurante e uma pista de boliche. Os cidadãos de Lewiston foram orientados a ficar em casa e o lockdown se expandiu para a cidade vizinha de Bowdoin. Nesta quinta, o New York Times divulgou que o Departamento de Polícia da cidade fechou várias rodovias próximas ao local do ataque. Algumas escolas também seguem fechadas. O atirador permanece foragido.

Os esforços para reforçar o controle de armas nos EUA se chocam há anos com a oposição dos republicanos, defensores do direito constitucional de portar armas, e com o lobby da National Rifles Association (NRA), que financia candidatos defensores do direito às armas.

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