Antes de abrir fogo num dos ataques mais letais da História recente dos Estados Unidos, o atirador passou por uma porta do Just-In-Time Recreation (antigo Sparetime Recreation) que trazia a mensagem "Escolha sua arma". Era uma metáfora sobre bolas menores e maiores de boliche. O ataque a tiros, que também ocorreu em um bar-restaurante da região, deixou ao menos 18 mortos e mais de 50 feridos.
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"Boliche, comida, bar, jogos", diz a entrada do estabelecimento, que também alerta para a proibição do ingresso de clientes com alimentos e bebidas não comprados no local. A foto foi publicada nas redes sociais do Just-In-Time. Ao centro da porta, o local faz referência aos estilos e maneiras para se atingir os pinos.
Um cliente que estava na pista de boliche, na noite desta quarta-feira, contou como conseguiu escapar do ataque e se esconder até a chegada dos policiais. Identificado apenas como Brandon, ele detalhou o momento em que percebeu estar no meio de um atentado.
— Nós estávamos todos lá dentro, apenas uma noite normal de boliche. Do nada, ele entrou e ouvi um estampido bem alto. Achei que fosse um balão [estourando]. Eu estava de costas para a porta. Logo que virei e vi que não era um balão, que ele estava segurando uma arma, corri pela pista, escorreguei até o lugar onde ficam os pinos e escalei uma máquina. Fiquei no topo das máquinas por cerca de 10 minutos até os policiais chegarem lá — contou Brandon à imprensa americana. Brandon contou ainda que havia chegado ao estabelecimento dez minutos antes do ataque e estava colocando os sapatos para jogar quando ouviu o primeiro de pelo menos dez estalos.— Ninguém deveria ver isso na vida real. Quando cheguei ao topo da máquina, havia muito tumulto por lá. Ouvi o primeiro [tiro] que parecia ter sido disparado a 4 metros de mim. Ele estava perto, muito perto — disse ele. — Fui lá só para jogar boliche. Tinha acabado de chegar. Estava colocando meus sapatos de boliche quando tudo começou. Então, estou descalço faz cinco horas.
Centenas de policiais fazem buscas, nesta quinta-feira, pelo suspeito que abriu fogo na pista de boliche e no bar-restaurante no Maine, na Nova Inglaterra, no nordeste dos Estados Unidos. Ele fugiu após o tiroteio.
Os assassinatos ocorreram na noite de quarta-feira em Lewiston, a segunda mais populosa cidade do estado do Maine, onde a população foi instada a permanecer em suas casas devido ao risco representado por "um homem armado e perigoso”.
A polícia identificou o agressor e divulgou sua fotografia. No momento suas motivações são desconhecidas. Segundo a CNN, que cita fontes policiais, o homem seria um reservista do Exército.
— Temos 22 mortos confirmados e muitos, muitos mais feridos — disse Robert McCarthy, vereador de Lewiston, uma cidade com cerca de 36 mil habitantes, à CNN. — Nossos hospitais não estão equipados para lidar com esse tipo de tiroteio — disse ele, acrescentando que houve mais de 50 feridos.
Veja a linha do tempo do ataque
Por volta das 19h (23h em Brasília): Dois tiroteios são relatados em Lewiston com várias vítimas. A informação é confirmada pelo Departamento de Segurança Pública do Maine.
20h: O Gabinete do Xerife do Condado de Androscoggin divulga fotos do suspeito armado e insta comerciantes a fecharem as portas.
20h09: A Polícia Estadual do Maine confirma que há "um atirador em atividade em Lewiston" e pede que a população fique em casa, com portas trancadas.
20h26: Moradores de Auburn, cidade vizinha, são instruídos a ficarem em casa.
20h53: A polícia de Lewiston afirma que o ataque a tiros ocorreu em dois locais: Schemengees e Sparetime Recreation, um restaurante e uma pista de boliche.
21h17: A polícia de Lewiston divulga a imagem de um veículo branco e pede informações a quem o tenha visto pelas ruas. À CNN, a Polícia Estadual do Maine disse que o carro é do suspeito do ataque.
22h52: A polícia identifica um homem e o nomeia “pessoa de interesse” no caso, com divulgação nas redes sociais.
Por volta das 23h30: O comissário do Departamento de Segurança Pública do Maine, Mike Sauschuck, afirma que um “veículo de interesse” foi encontrado em Lisbon, a pouco mais de 10 quilômetros de Lewiston. O homem segue foragido.
23h34: As autoridades de Lisbon confirmam que repartições municipais ficarão fechadas na quinta-feira e orientam moradores e comerciantes a permanecerem trancados em casa. As escolas públicas permanecerão fechadas na quinta-feira, informou uma autoridade local no X (antigo Twitter).
Policiais cercam ruas; população é orientada a ficar trancada
O chefe da segurança pública do Maine, Mike Sauschuck, disse aos repórteres que as ruas estão tomadas por policiais em busca do suspeito.
— Temos centenas de policiais trabalhando em todo o estado do Maine para localizar (o atirador) — disse ele.
Este novo massacre, um dos mais mortíferos desde o de Las Vegas em 2017, junta-se à trágica lista de tiroteios em massa nos Estados Unidos.
Depois de ser informado sobre o ataque, o presidente Joe Biden faltou a um jantar de Estado em homenagem ao primeiro-ministro australiano para se comunicar com as autoridades locais e oferecer apoio federal, segundo a Casa Branca.
Fotos divulgadas do suspeito mostram um homem vestindo jaqueta marrom, calça azul e sapatos marrons, segurando um rifle semiautomático.
Os Estados Unidos têm mais armas do que pessoas: um em cada três adultos possui pelo menos uma arma e quase um em cada dois adultos vive numa casa onde existe uma arma. A consequência desta proliferação é o índice de mortes por armas de fogo, mais alto que o de outros países desenvolvidos.
Ataque a tiros no Maine:
- Um ataque a tiros em Lewiston, no Maine, nordeste dos Estados Unidos, deixou ao menos 16mortos e 50 feridos, na noite desta quarta-feira (25).
- A polícia do Maine identificou no Facebook o suposto atirador como Robert Card, de 40 anos, e o descreveu como "armado e perigoso".
- O ataque começou em uma pista de boliche, informou a rede de TV ABC News, que também reportou disparos em um bar e em um centro de distribuição da varejista Walmart.
Excluindo os suicídios, mais de 15 mil pessoas morreram devido à violência armada desde o início do ano no país, e o ataque de quarta-feira é o mais mortal registrado no período, segundo a associação Gun Violence Archive (GVA).
Os esforços para reforçar o controle de armas nos EUA se chocam há anos com a oposição dos republicanos, defensores do direito constitucional de portar armas, e o lobby da National Rifle Association (NRA), organização que contribui com o financiamento das candidaturas de oficiais pró-armas no país..