Sob suspeita de enriquecimento ilícito, MP peruano ordena que presidente apresente relógios Rolex em depoimento

Ministério Público realizou diligências na madrugada de sábado na residência particular de Boluarte e no Palácio de Governo, mas não foram encontrados os objetos de valor

Por AFP — Lima


A presidente do Peru, Dina Boluarte, durante pronunciamento nesta terça-feira Cris BOURONCLE / AFP

O Ministério Público do Peru determinou que a presidente Dina Boluarte mostre os relógios Rolex em sua posse no depoimento que deverá realizar na próxima sexta-feira, em meio a uma investigação por suspeita de enriquecimento ilícito.

"A presidente da República foi intimada formalmente para que exiba os relógios Rolex e preste depoimento na sexta-feira 5 de abril", disse o Ministério Público em um comunicado difundido neste domingo na imprensa.

Além disso, o órgão acusatório assinalou que, nas diligências realizadas na madrugada de sábado na residência particular e no Palácio de Governo, não foram encontrados os objetos de valor nem a presidente fez a entrega deles. Mas "foram obtidos outros elementos de interesse para a investigação", acrescentou. A imprensa local noticiou que foram encontrados documentos de quando um dos relógios teria sido obtido.

O MP realiza uma investigação sobre suspeita de enriquecimento ilícito, pois Boluarte jamais declarou a posse desses relógios em seu inventário de bens. As investigações começaram em 18 de março.

Segundo a defesa da presidente, os policiais haviam encontrado relógios durante as diligências no Palácio de Governo no sábado. O advogado Mateo Castañeta disse aos jornalistas que "eram aproximadamente 10, dentro desse número havia alguns relógios bonitos, mas não posso dizer quantos eram da marca Rolex".

Para Boluarte a ação do Ministério Público "é arbitrária, desproporcional e abusiva", declarou em um pronunciamento à imprensa, no sábado.

Caso o MP ofereça denúncia por enriquecimento ilícito, Boluarte só responderia a um eventual julgamento depois de julho de 2026, quando termina o seu mandato, conforme estabelece a Constituição. O escândalo, contudo, pode levar a um pedido de vacância (impeachment) no Congresso, sob alegação de "incapacidade moral".

Para que isso ocorra, as bancadas de direita que controlam o Parlamento unicameral e são a principal sustentação da presidente deverão apoiar as bancadas minoritárias de esquerda em uma aliança, teoricamente, difícil de se concretizar.

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