Estados Unidos e Venezuela se reúnem dias antes do fim do prazo de isenção das sanções

Encontro acontece em meio às tensões sobre o processo eleitoral venezuelano, uma das condições para o levantamento temporário da punição, após a inabilitação da principal opositora de Maduro

Por AFP — Caracas e Washington


O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em discurso na Suprema Corte de Justiça Pedro Rances Mattey/AFP

Os Estados Unidos expressaram sua preocupação com o processo eleitoral da Venezuela durante uma reunião secreta entre as duas partes esta semana no México. O encontro acontece poucos dias antes do vencimento da isenção às sanções ao petróleo e gás venezuelanos, previsto para expirar na próxima quinta (18), informou um funcionário da Casa Branca à AFP nesta sexta-feira.

— Podemos confirmar que houve uma reunião — disse à AFP um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, que pediu anonimato. — O objetivo era expressar nossas preocupações sobre o processo eleitoral da Venezuela.

Em outubro do ano passado, o governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, levantou as sanções ao setor energético e ao ouro venezuelano em troca de um acordo entre o governo do presidente Nicolás Maduro e a oposição que permitisse a realização de eleições livres no país, marcadas para 28 de julho.

No entanto, desde então, a principal adversária de Maduro, María Corina Machado, que venceu as primárias da oposição com mais de 90% dos votos, continuou inabilitada a concorrer. Perto do fim do prazo para inscrições de candidatos e na esteira de uma série de prisões contra o núcleo duro da sua campanha, ela indicou a filósofa e professora universitária Corina Yoris para substituí-la nas eleições. Como Yoris nunca havia ocupado um cargo público, acreditava-se que ela não poderia ser inabilitada, mas seu nome foi vetado no sistema eletrônico de registro e pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), por motivos até hoje desconhecidos.

Insatisfeito com a situação, Washington tem alertado reiteradamente que, caso Caracas não pare de interferir no pleito, o país voltará a impor as sanções, que foram suspensas por apenas seis meses.

Embora tenha as maiores reservas comprovadas de petróleo do mundo, a Venezuela produz cerca de 809 mil barris por dia, um quarto dos 3 milhões produzidos há mais de uma década.

Os Estados Unidos, que consideram fraudulenta a reeleição de Maduro em 2018, já reativaram em janeiro as sanções à estatal mineradora de ouro da Venezuela depois que o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) manteve a inabilitação política de María Corina Machado.

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