Até então um dos maiores aliados de Nicolás Maduro na região, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou de “extraordinária” a movimentação da oposição venezuelana, que lançou uma candidatura única para concorrer contra Maduro nas eleições de julho, após anos de divisões internas. Nos últimos meses, o governo venezuelano, alinhado com o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), vinha impedido que alguns candidatos opositores pudessem concorrer à Presidência, gerando críticas internacionais que culminaram, na semana passada, com a retomada de parte das sanções americanas ao setor petrolífero.
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— Na questão da Venezuela, está acontecendo uma coisa extraordinária: a oposição toda se reuniu, está lançando um candidato único. Vai ter eleições, eu acho que vai ter acompanhamento internacional, há interesse de muita gente de querer acompanhar. Se confirmado, o Brasil participará [do processo]. A perspectiva é de que quando terminar as eleições, a gente volte a uma normalidade — disse o presidente, em café com jornalistas.
Na sexta-feira, a principal coalizão da Venezuela confirmou a candidatura do diplomata Edmundo González, de 74 anos, como representante da líder da oposição, María Corina Machado, grande vencedora das primárias mas inabilitada por 15 anos. González foi inscrito como “candidato provisório” da Plataforma Unitária Democrática (PUD) após Corina Yoris, que substituiria Machado oficialmente, também ter tido a candidatura barrada pelo órgão eleitoral.
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A PUD inscreveu González como candidato presidencial no último minuto, após denunciar o bloqueio de Yoris. O processo foi feito em uma prorrogação concedida pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), acusado de servir ao chavismo. A ideia era que o embaixador fosse substituído por um candidato “unânime". Mas na semana passada, o nome de González teve sua inscrição aprovada “de forma unânime” pela PUD, decisão que o secretário-geral da aliança, Omar Barboza, classificou como “histórica”.
Nesta terça-feira, Lula ainda afirmou que torce que os EUA retirem sanções. A suspensão do bloqueio havia sido concedido em outubro, por um prazo de seis meses, como parte do Acordo de Barbados — diálogo entre o governo Maduro e opositores em que foi negociado o alívio às sanções americanas em troca da realização de eleições livres no país.
— Quem ganhou toma posse e governa, quem perdeu, se prepara para as outras eleições, como eu me preparei depois de três derrotas aqui.