Ex-prefeita de Berlim é atacada em biblioteca em meio a onda de violência contra políticos alemães

Agressões e ameaças ocorrem em um contexto de tensão às vésperas das eleições europeias em 9 de junho e inúmeras eleições regionais em setembro

Por O Globo e agências internacionais — Berlim


Franziska Giffey foi atingida por um saco com objetos pesados na cabeça e no pescoço Tobias Schwarz / AFP

A ex-prefeita e atual secretária das Finanças de Berlim, Franziska Giffey, figura de destaque do Partido Social Democrata (SPD, na sigla alemã), foi atingida na cabeça na terça-feira por um objeto lançado por um homem enquanto visitava uma biblioteca na capital do país. O homem foi detido nesta quarta-feira pelo ataque, que se soma aos ocorridos recentemente contra outros políticos na Alemanha antes das eleições regionais e do Parlamento Europeu.

A multiplicação de atos violentos, insultos e ameaças contra líderes políticos se tornou um tema de preocupação em todo o país. Nesta quarta-feira, o governo denunciou um "clima de intimidação e violência" inaceitável.

Giffey foi atingida na cabeça e pescoço com um saco contendo objetos pesados. Logo após, a política foi levada ao hospital com ferimentos leves.

O homem de 74 anos já tinha passagens policiais por atos relacionados à "segurança do Estado e crimes de ódio", informou a polícia. O Ministério Público, que informou que as investigações sobre o motivo para o ataque ainda estão em andamento, está considerando a possibilidade de enviar o suspeito a um centro psiquiátrico, visto que há elementos que indicam que ele poderia sofrer de algum transtorno mental.

— Estou preocupada e chocada com o recrudescimento de uma "cultura selvagem" contra os que trabalham na política — disse. — Vivemos em um país livre e democrático, no qual cada um é livre para expressar suas opiniões, mas há um limite claro, e é a violência contra os outros.

Diversos políticos foram ameaçados ou agredidos recentemente na Alemanha, em um contexto de tensão eleitoral às vésperas das eleições europeias em 9 de junho e inúmeras eleições regionais em setembro.

O caso foi o terceiro em uma semana. Também na terça-feira, duas pessoas foram presas em Dresden após um membro do Partido Verde ter sido atacado enquanto pregava pôsteres de campanha na rua. A dupla, segundo o jornal britânico The Guardian, já havia sido vista em um grupo de pessoas fazendo saudações nazistas, informou a polícia.

A ocorrência mais grave ocorreu na semana passada, quando Matthias Ecke, eurodeputado do Partido Social Democrata do chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, foi gravemente ferido por quatro pessoas na cidade de Dresden. Quatro suspeitos, com idades entre 17 e 18 anos, foram detidos por agressão e, segundo a imprensa alemã, eram associados a um grupo de extrema direita.

Scholz, na rede social X (antigo Twitter), descreveu os ataques como "ultrajantes e covardes". "A violência não pertence a um debate democrático. Aqueles que são decentes e sensatos são claramente contra isto, e são a maioria!", escreveu.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também escreveu na mesma rede social para falar sobre a segurança dos políticos alemães. "Devemos proteger todos aqueles que defendem a nossa democracia", escreveu ela. "Independentemente de qual partido." (Com AFP.)

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