Em conversa por telefone com Putin, Lula defende negociação de paz com Ucrânia

No último mês, Brasil e China assinaram uma declaração conjunta de negociação de paz para o conflito, que se arrasta há dois meses


Presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva Ramil Sitdikov/SPUTNIK/AFP e Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente russo, Vladimir Putin, conversaram por telefone sobre o conflito na Ucrânia, o Brics — grupo formado originalmente também por Brasil, Índia, China e África do Sul, e que recentemente incorporou Irã, Egito, Arábia Saudita, Etiópia e Emirados Árabes — e o G20, informou o Kremlin nesta segunda-feira. Segundo o Palácio do Planalto, Putin também expressou solidariedade às vítimas do Rio Grande do Sul durante a conversa.

Segundo o comunicado da Presidência da República, o presidente brasileiro expressou o desejo de contribuir para a busca de acordos pacíficos para o fim da guerra entre Ucrânia e Rússia, que se arrasta desde o início de 2022, quando tropas russas invadiram o território ucraniano. Lula reiterou, na conversa com Putin, a defesa de negociações de paz entre Rússia e Ucrânia.

De acordo com o Palácio do Planalto, "o presidente Lula reiterou a defesa de negociações de paz que envolvam os dois lados do conflito, em linha com documento assinado pelos assessores presidenciais Celso Amorim e seu homólogo chinês Wang Yi".

No fim do mês passado, Brasil e China assinaram uma declaração conjunta de negociação de paz para o conflito. A declaração foi divulgada após o assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, reunir-se em Pequim com o chanceler da China, Wang Yi, para tratar sobre "uma solução política para a crise na Ucrânia e a desescalada da situação".

Brasil e China assinaram um documento defendendo uma "resolução política" para a guerra. Além de uma lista de sugestões, como um aumento da ajuda humanitária e a proibição de uma ampliação das zonas de conflito, o texto determina que a Rússia também precisa estar incluída nas discussões sobre uma proposta de paz entre os dois países.

Uma conferência será realizada nos dias 15 e 16 de junho na Suíça sobre a guerra, mas Lula não deve participar porque a Rússia não foi convidada. O texto da proposta sugere que a China também não estará presente, apesar dos apelos do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, para que o país asiático participe do encontro. O presidente brasileiro decidiu enviar a embaixadora do Brasil na Suíça, Cláudia Fonseca Buzzi, para representá-lo na reunião, mas o envio da diplomata vai depender de os organizadores da cúpula permitirem que os países possam ser representados pelos seus embaixadores.

A ligação entre Putin e Lula ocorreu dias antes da conferência na Suíça. O presidente russo teria apresentado “as principais abordagens russas em relação à próxima conferência de paz na Suíça”, informou o Kremlin.

De acordo com governo russo, também “foi expressado um interesse mútuo em aprofundar ainda mais a parceria estratégica, que está se desenvolvendo com sucesso, entre a Rússia e o Brasil”. Lula e Putin concordaram em estreitar os diálogos sobre o Brics e o G20, presididos neste ano pela Rússia e Brasil, respectivamente. Lula reforçou, ainda, a necessidade de uma ampla reforma do sistema de governança global, a ser debatido no âmbito do G20, afirmou o Planalto.

No telefonema, Putin ainda expressou sua solidariedade com as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul.

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