Bispos católicos americanos pedem perdão por 'trauma' causado aos indígenas: cerca de mil crianças foram abusadas

Igreja reconhece violências histórias contra os indígenas e busca reconciliação

Por AFP — Washington


O Papa Francisco e líderes indígenas no Muskwa Park em Maskwacis, ao sul de Edmonton, oeste do Canadá. Foto: Assessoria de Imprensa do Vaticano/AFP

Os bispos católicos dos Estados Unidos se desculparam, nesta sexta-feira, pelo papel da Igreja no "trauma" submetido aos nativos americanos, especialmente por retirar crianças de suas famílias e colocá-las em internatos. Pelo menos 122 sacerdotes, freiras e monges designados para 22 internatos católicos, desde a década de 1890, foram acusados de abusar sexualmente de crianças indígenas, segundo uma investigação do Washington Post, publicada em maio deste ano.

“A Igreja reconhece que desempenhou um papel no trauma sofrido pelas crianças nativas americanas", disse a Conferência dos Bispos dos Estados Unidos em um comunicado.

Durante décadas, as autoridades americanas separaram as crianças indígenas de seus pais biológicos e as colocaram em internatos ou em famílias de indígenas não-nativos americanos em todo o país. Essas políticas de assimilação forçada terminaram em 1978, com a adoção de uma lei pelo Congresso.

"A cura e a reconciliação só podem ocorrer quando a Igreja reconhece as feridas infligidas a seus filhos indígenas e ouve, humildemente, quando eles contam suas experiências", disseram os bispos no documento.

A maioria dos abusos documentados ocorreu nas décadas de 1950 e 1960 e envolveu mais de mil crianças, a maioria no Meio-Oeste americano e no Noroeste do Pacífico, incluindo o Alasca, de acordo com o jornal Washington Post.

"Pedimos desculpas por falharmos em nutrir, fortalecer, honrar, reconhecer e valorizar aquelas (pessoas) confiadas ao nosso cuidado pastoral", expressaram os bispos no documento. "Todos nós devemos fazer nossa parte para aumentar a conscientização e quebrar a cultura do silêncio que cercava todos os tipos de aflições, maus-tratos e negligência no passado".

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