'Golpe nunca deu certo', diz Lula sobre mobilização de militares na Bolívia

Presidente do país, Luis Arce, denunciou nesta quarta-feira o avanço de tanques em La Paz

Por — Brasília


Presidente Lula no Palácio do Planalto Brenno Carvalho / Agência O Globo

RESUMO

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GERADO EM: 26/06/2024 - 17:38

Lula apoia democracia na Bolívia

O presidente Lula expressa seu apoio à democracia na Bolívia, condenando possíveis movimentações militares. Presidente boliviano denuncia presença de tanques em La Paz e pede lealdade das forças armadas.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira que está torcendo para que a democracia prevaleça na Bolívia e que "golpe nunca deu certo". Mais cedo, sob o comando do general Juan José Zúñiga, militares e carros blindados tomaram a Praça Murillo, em frente à sede presidencial em La Paz, em um movimento que o presidente da Bolivia, Luis Arce, descreveu como uma tentativa de "golpe de Estado".

— Como eu sou um amante da democracia, eu quero que a democracia prevaleça na América Latina, golpe nunca deu certo — disse o presidente.

Lula relatou, durante a tarde, que havia acabado de ser informado sobre a tentativa de golpe e que pediu ao ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que procurasse obter mais informações.

— Pedi para o meu ministro entrar em contato pra ele ter certeza porque a gente não pode ficar anunciando coisa que depois não acontece. Eu quero informações, eu pedi para o ministro Mauro ligar para a Bolívia, ligar para o presidente, ligar para o embaixador brasileiro para gente ter certeza para ter uma posição.

Durante a tarde desta quarta-feira, o presidente Arce convocou os bolivianos a se mobilizarem horas após ter denunciado "mobilizações irregulares" de militares num momento em que tropas e blindados estavam estacionados em frente ao palácio presidencial. A imprensa local começou a relatar a presença de blindados e de militares em torno da sede do governo por volta das 16h30 (horário de Brasília).

Zúñiga, que teria chegado ao local em um blindado e armado, segundo jornais locais, declarou à imprensa que "a mobilização de todas as unidades militares" busca expressar seu descontentamento "com a situação do país", reportaram os noticiários bolivianos.

— Já basta. Não pode haver essa deslealdade — afirmou.

Militares tomam praça em frente à sede do governo boliviano em La Paz

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O presidente boliviano, Luis Arce, denunciou na quarta-feira a reunião não autorizada de soldados e tanques em frente aos edifícios do governo na capital La Paz, dizendo que “a democracia deve ser respeitada."

Em vídeos que circulam pelas redes sociais, é possível ver o momento em que um blindado avança contra o palácio e tenta derrubar uma porta metálica. Em seguida, Zúñiga entra no edifício por um breve antes de sair caminhando, segundo a televisão boliviana. Nesse breve período entre a entrada e saída, o comandante foi confrontando por Arce, que afirmou que não iria "permitir essa insubordinação".

Os militares lançaram gás lacrimogêneo e balas contra um grupo de cidadãos que gritavam "Eu luto, vocês não estão sozinhos". Países da América Latina e a Organização dos Estados Americanos (OEA) também saíram em defesa das lideranças bolivianas, e exigiram respeito aos valores democráticos. O Brasil condenou, "nos mais firmes termos", a tentativa de golpe de Estado em curso na Bolívia, enquanto a administração de Joe Biden "apelou à calma" em La Paz, disse uma porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca à AFP.

Militares das Forças Armadas da Bolívia tentam dar golpe de Estado no país e tomam praça em La Paz onde fica palácio presidencial — Foto: Editoria de Arte

Às pressas, Arce jurou uma nova liderança militar, nomeando José Sánchez Velázquez como o novo comandante do exército. Desde terça-feira, já circulavam rumores sobre a possível destituição de Zúñiga, no cargo desde novembro de 2022, após suas declarações sobre a possível candidatura do ex-presidente Evo Morales em 2025. Falando na TV um dia antes, Zúñiga disse que Morales "não pode mais ser presidente deste país".

Sánchez, ao tomar a palavra, ordenou o regresso dos militares que estavam na praça às suas unidades. Segundo a agência de notícias AFP, os soldados começaram a deixar as imediações da sede do governo.

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