Reduzir o desperdício de alimentos pela metade salvaria 153 milhões de pessoas da fome
Estratégia também poderia diminuir em 4% as emissões de gases do efeito estufa relacionadas com a agricultura
Por AFP — Paris
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Prato de comida
Prato de comidaFreepik
Reduzir o desperdício alimentar pela metade evitaria que até 153 milhões de pessoas sofressem de fome, ao mesmo tempo que diminuiria as emissões de gases do efeito de estufa, destacaram nesta terça-feira (2) a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Segundo o relatório sobre as perspectivas do setor agrícola até 2033, reduzir pela metade as perdas e desperdícios ao longo da cadeia alimentar, dos campos até os consumidores, poderia diminuir em 4% as emissões de gases do efeito estufa relacionadas com a agricultura e reduzir o número de pessoas subnutridas em 153 milhões.
"Embora esta meta seja extremamente ambiciosa, exigiria mudanças profundas tanto por parte dos consumidores como dos produtores", admite o relatório.
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O mapa do desperdício — Foto: Arte GLab O mapa do desperdício — Foto: Arte GLab
A FAO calcula que "quase um terço" dos alimentos destinados ao consumo humano são perdidos ou desperdiçados, o que representa um grande desperdício de recursos (sementes, fertilizantes, água, energia...) e emissões de gases que contribuem para o aquecimento global (metano dos ruminantes, nitrogênio dos fertilizantes, entre outros).
Nos países em desenvolvimento, os agricultores não dispõem de instalações adequadas para conservar suas colheitas em bom estado, enquanto em outros países o consumo excessivo gera toneladas de alimentos desperdiçados.
As frutas e os legumes representam mais da metade das perdas e desperdícios devido à sua natureza perecível e ao curto prazo de validade. Em seguida, aparecem os cereais.
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Feirantes prepara frutas e legumes em mercado de Istambul (Turquia) — Foto: Boris Bartels/CC Feirantes prepara frutas e legumes em mercado de Istambul (Turquia) — Foto: Boris Bartels/CC
"A proporção em peso das carnes e dos produtos lácteos é baixa, provavelmente porque as famílias tendem a desperdiçar menos produtos de valor elevado", afirma o relatório.
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Desperdício de água no Brasil, por estado — Foto: Editoria de Arte Desperdício de água no Brasil, por estado — Foto: Editoria de Arte
Reduzir o desperdício alimentar poderia "aumentar significativamente a oferta de alimentos em todo o mundo, porque mais alimentos estariam disponíveis e os preços cairiam, garantindo assim um melhor acesso aos alimentos para as populações de baixa renda", argumentam as organizações internacionais.
A fome que assombra o Rio: veja a saga diária de pessoas por uma refeição
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Denise da Silva busca comida nos restos deixados no lixo da Ceasa — Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo 2 de 12
Dona Juraci da Silva, 73 anos, come uma quentinha doada pela igreja. A idosa mora em um barraco às margens da linha verde, em Acari. — Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo
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No Estado do Rio, o número de pessoas que não têm o que comer aumentou 400% nos últimos quatro anos — Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo 4 de 12
À caça de restos: pessoas buscam alimentos que ainda possam ser consumidos em meio ao descarte do Ceasa, em Irajá — Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo 5 de 12
Mulheres reviram as sobras na Ceasa — Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo 6 de 12
Estudo da FGV Social sobre a insegurança alimentar no Brasil aponta a “feminização” da fome. Entre 2019 e 2021, aumentou de 33% para 47% a parcela das mulheres no país que não tiveram dinheiro para alimentar a si ou a sua família em algum momento. — Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo 7 de 12
Na montanha de lixo vindo da Ceasa, em Irajá, pessoas em situação de insegurança alimentar buscam o que comer — Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo 8 de 12
Morador de rua espera por restos de comida que clientes de um restaurante, na Cinelândia, poderão deixar: a falta de comida faz parte do cotidiano de 15,9% da população fluminense — Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo 9 de 12
Fome: Juraci da Silva, 73 anos, comendo quentinha doada pela igreja, ela mora em um cubículo às margens da linha verde em Acari — Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo 10 de 12
Flávio Paulo, com seus três filhos, ganha a vida vendendo pipoca e doces na Avenida Presidente Vargas. "Prefiro trazer as crianças para ficar perto de mim, assim protejo mais elas" — Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo 11 de 12
Garimpo da fome no Ceasa de Irajá; cada alimento encontrado é um sentimento de 'vitória' — Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo 12 de 12
Em setembro do ano passado, imagem que já traduzia a luta para tentar driblar a fome: em busca de algum alimento, pessoas recolhiam ossos e pelancas descartadas de supermercados na Glória, Zona Sul do Rio — Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo