Exército de Israel admite 'falha abrangente' em defesa de kibutz atacado pelo Hamas em 7 de outubro

Comissão militar aponta que moradores de Be'eri, a cerca de 4 Km de Gaza, foram deixados a própria sorte por horas durante a invasão; ao todo, 101 civis foram mortos

Por O Globo, com agências internacionais — Tel Aviv


Soldado israelense procura por restos humanos em meio aos escombros deixados após o ataque do Hamas em 7 de outubro em Be'eri, um kibutz perto da fronteira com Gaza Avishag Shaar-Yashuv/The New York Times/ 15-11-2023

O Exército de Israel reconheceu que cometeu erros abrangentes na defesa do kibutz Be'eri, no sul do país, durante o ataque terrorista liderado pelo Hamas ao território israelense em 7 de outubro. Em um relatório tornado público na quinta-feira, redigido por uma comissão de investigação que analisou a atuação dos soldados durante o ataque, os militares afirmaram que o Exército "fracassou em sua missão de proteger os moradores". Ao todo, 101 civis foram mortos no kibutz.

A investigação militar marca o início de um acerto de contas nacional. É o primeiro de dezenas de inquéritos destinados a examinar como e por que Israel não conseguiu proteger os seus cidadãos do ataque do Hamas. Críticos e sobreviventes, por outro lado, questionam a capacidade dos militares de investigar de forma transparente os seus próprios fracassos.

No documento, o Exército admite que fracassou na missão de proteger Be’eri, detalhando uma série de erros, incluindo desorganização, falta de coordenação entre forças e tempos de resposta lentos — o ataque começou na madrugada de 7 de outubro e continuou até o dia seguinte.

— Nas primeiras sete horas de combate, os residentes do kibutz Be’eri lutaram quase sozinhos contra o inimigo — disse o contra-almirante Daniel Hagari, porta-voz militar israelense, a repórteres na noite de quinta-feira.

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Como parte do inquérito, a comissão também avaliou um dos episódios mais debatidos do ataque: a decisão de um general israelense de autorizar disparos de tanques contra uma casa onde homens do Hamas mantinham 14 reféns. O bombardeio provavelmente matou pelo menos um prisioneiro e feriu outro, disseram os militares. Apenas dois reféns sobreviveram ao tiroteio subsequente, e o inquérito disse que a maioria dos outros provavelmente foi assassinada pelos captores.

O kibutz Be'eri fica a cerca de quatro quilômetros da barreira que separa Israel da Faixa de Gaza, segundo o relatório. Além dos mais de 100 mortos, outras 32 pessoas foram sequestradas, das quais 11 permanecem em cativeiro. Cerca de 150 casas e construções da comunidade foram destruídas, a maioria incendiada. O relatório estima que 340 terroristas tenham se infiltrado no kibutz.

Yoav Gallant, o ministro da Defesa israelense, pediu a criação de uma comissão estatal independente na quinta-feira, para investigar os ataques de 7 de outubro.

— Deve-se investigar todos: os tomadores de decisão e os implementadores; o governo, o exército e as forças de segurança — disse Gallant. —Isso (o inquérito) deve me investigar, o ministro da defesa. Deve investigar o primeiro-ministro.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu resiste aos apelos para lançar tal inquérito, argumentando que as questões de responsabilidade deveriam ser resolvidas ao final da guerra. (Com AFP e NYT)

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