Quem é Vadim Krasikov, possível alvo russo em troca de prisioneiros envolvendo jornalista americano

Apontado como coronel do serviço secreto russo, Krasikov cumpre prisão perpétua na Alemanha por assassinato de separatista checheno

Por O Globo, com agências internacionais — Berlim


Vadim Krasikov, preso na Alemanha pelo assassinato de dissidente checheno em 2019 Departamento de Polícia de Berlim

RESUMO

Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você

GERADO EM: 19/07/2024 - 11:40

Coronel russo preso na Alemanha pode ser alvo de troca de prisioneiros EUA-Rússia

Vadim Krasikov, coronel russo preso por assassinato na Alemanha, é possível alvo em troca de prisioneiros com os EUA. Putin sugere sua ligação com a morte de checheno e trocas anteriores. Kremlin evita confirmar envolvimento do agente secreto.

Autoridades russas admitiram ao longo da semana que Moscou e Washington mantinham conversas de alto nível sobre uma possível troca envolvendo o jornalista americano Evan Gershkovich, condenado nesta sexta-feira a 16 anos de prisão por supostamente espionar para a CIA — uma acusação que ele e seu empregador negam. Embora detalhes sobre as conversas não tenham sido reveladas, o nome de um possível alvo de interesse russo foi especulado pelo próprio presidente Vladimir Putin nos últimos meses: Vadim Krasikov.

Krasikov, de 58 anos, é apontado por agências ocidentais como um coronel da agência nacional de espionagem russa (FSB) — algo que as autoridades do país não confirmam. Ele cumpre pena de prisão perpétua na Alemanha pelo assassinato de um dissidente checheno, em 2019.

De acordo com relatos da época, o comandante separatista Zelimkhan Khangoshvili, requerente de asilo na Alemanha, foi morto a tiros, em plena luz do dia, no Parque Tiergarten, no centro de Berlim. O autor dos disparos, apurou-se, foi Krasikov, que usou documentos falsos para entrar no país e, na hora do ataque andava de bicicleta, quando sacou uma pistola Glock 26 e fez os disparos.

Não é a primeira vez que o nome do assassino russo surge em conversas sobre uma possível troca envolvendo prisioneiros americanos. Krasikov foi citado em relatos da imprensa internacional como um objeto de desejo de Moscou em trocas envolvendo a atleta de basquete Brittney Griner — trocada em 2022 pelo traficante de armas Viktor Bout —, o ex-Mariner Paul Whelan, acusado de espionagem por Moscou que segue preso na Rússia, e em uma negociação envolvendo o opositor Alexei Navalny, que morreu em uma prisão russa em fevereiro.

Veja fotos do jornalista americano Evan Gershkovich, do The Wall Street Journal, detido pela Rússia

6 fotos
Kremlin adverte EUA para que não haja retaliações do país contra mídia russa após prisão do correspondente

Na mesma época em que se confirmou a troca de Griner por Bout, a Casa Branca foi questionada por que a libertação de Whelan não foi negociada em paralelo. o porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, declarou à emissora ABC, na época, que "houve uma reivindicação de que [os russos] queriam um senhor Krasikov, que os alemães mantinham sob custódia".

— Simplesmente, essa não foi considerada uma oferta séria — disse Kirby, que descreveu Krasikov como "um assassino".

Em entrevista ao apresentador americano Tucker Carlson, no começo do ano, Putin afirmou que um acordo para libertar o jornalista seria possível e se referiu a uma pessoa "que cumpre pena" em um país aliado dos EUA.

O russo Viktor Bout (esquerda) e os americanos Brittney Griner e Paul Whelan — Foto: Reprodução

— Há uma pessoa que cumpre pena num aliado dos EUA. Essa pessoa, por sentimentos patrióticos, eliminou um bandido numa capital europeia — disse Putin, sem citar Krasikov. — Se ele fez isso por vontade própria ou não, essa é uma questão diferente.

Pouco depois da entrevista de Putin, o principal porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, negou-se a comentar o elo de Krasikov com o serviço secreto russo.

— Eu vou deixar essa pergunta sem resposta — afirmou, em uma entrevista coletiva. (Com AFP e NYT)

Mais recente Próxima Corte de Haia diz que políticas de colonização de Israel na Cisjordânia violam o direito internacional e devem acabar