Filhos do casal de espiões russos libertados descobriram sua nacionalidade apenas no voo para Moscou

As crianças, cujos pais se passavam por argentinos vivendo na Eslovênia, não falam russo e foram recebidas por Putin com 'buenas noches'

Por O Globo com agências internacionais — Moscou, Rússia


Casal de espiões Artem Dultsev e Anna Dultseva com seus filhos são recebidos por presidente russo Vladimir Putin após troca de prisioneiros entre Rússia e países do Ocidente. Kirill Zykov, RIA Novosti / Divulgação Presidência da Rússia

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GERADO EM: 02/08/2024 - 14:20

Filhos de espiões russos descobrem nacionalidade em voo para Moscou

Filhos de espiões russos descobrem sua nacionalidade em voo para Moscou; liberados em troca de prisioneiros, casal se fazia passar por argentinos. Putin os recebeu e crianças só reconheceram o presidente russo no avião. Troca envolveu sete países, incluindo EUA e Alemanha. Putin agradece lealdade dos libertos e promete prêmios.

Os filhos de um casal de espiões russos disfarçados, que se passavam por argentinos vivendo na Eslovênia, apenas descobriram a sua nacionalidade e quem era Vladimir Putin, presidente da Rússia, durante o voo de volta a Moscou, capital do país, nesta quinta-feira.

As duas crianças, que não tiveram as idades reveladas, são filhas de Artem Dultsev e Anna Dultseva. Os quatro estavam entre os 26 prisioneiros que foram trocados entre a Rússia e países do Ocidente em Ancara, na capital da Turquia, como parte da maior operação do tipo desde a Guerra Fria.

Em coletiva com jornalistas, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que as crianças "descobriram que eram russas somente quando o avião decolou de Ancara" e que elas não falam o idioma dos pais. — Putin as cumprimentou em espanhol, ele disse “Buenas noches” — afirmou. — Elas perguntaram aos pais ontem quem era a pessoa que as estava recebendo, elas nem sabiam quem era Putin — continuou Peskov.

Ao todo, a troca desta quinta-feira envolveu sete países: Estados Unidos, Alemanha, Polônia, Eslovênia, Noruega, Bielorrússia e Rússia. 16 detidos pelo regime russo, incluindo americanos, alemães e prisioneiros políticos do próprio país, foram soltos e levados aos EUA e à Alemanha. Já os países do Ocidente libertaram 10 prisioneiros que voltaram à Rússia.

Entre eles, estavam Artem Dultsev e Anna Dultseva. O casal fazia parte do programa de "ilegais", um esquema da era soviética no qual espiões se fazem passar por cidadãos comuns de outros países. Na última quarta-feira, eles se declararam culpados perante um tribunal esloveno por acusações de espionagem e falsificação de documentos.

A aeronave que trazia os prisioneiros da capital turca chegou ao aeroporto Vnukovo, em Moscou, ainda na noite desta quinta-feira. Os libertos foram recebidos com um tapete vermelho em cerimônia com 40 guardas cerimoniais do governo russo.

Estavam presentes no local também o presidente Putin junto ao ministro da Defesa, Andrei Belousov; o diretor do Serviço de Inteligência Estrangeira, Sergei Naryshkin; e o diretor do Serviço Federal de Segurança, Alexander Bortnikov.

— Gostaria de agradecê-los por serem leais ao seu juramento de fidelidade, ao seu dever e à pátria. Seu país nunca se esqueceu de vocês, nem mesmo por um minuto. E aqui estão vocês de volta para casa. Todos vocês serão indicados para receber prêmios de Estado. Vocês e eu nos encontraremos novamente algum tempo depois e conversaremos sobre seu futuro — disse o Kremlin após a chegada.

Segundo a agência de notícias estatal russa, Anna Dultseva, que chorava ao descer do avião, recebeu um abraço de Putin, que levou dois buquês de rosas e hortênsias para Anna e sua filha.

Além do casal, outro importante nome que estava entre os detidos e que recebeu a liberdade é o de Vadim Krasikov. O russo foi condenado à prisão perpétua na Alemanha após assassinar a tiros, em plena luz do dia em um parque no centro de Berlim, Zelimkhan Khangoshvili.

Khangoshvili era um ex-combatente separatista da Chechênia, região da Rússia que buscava independência. Ele foi para a Alemanha após sofrer diversas tentativas de assassinato no território russo.

Posteriormente, Krasikov foi descrito como um “patriota” pelo presidente russo, Vladimir Putin, que o considerava uma das prioridades para a troca de prisioneiros com países do Ocidente.

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