Aos 38 anos de idade e com quase três décadas de envolvimento com as artes cênicas, Renan Monteiro diz estar vivendo uma experiência inédita no papel de José Augusto, em “Renascer”. O ator conta que o personagem é muito querido pelo público e que ele tem recebido carinho por onde passa.
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— Eu estou dirigindo, as pessoas passam, buzinam, acenam. Recentemente, fui ao mercado, e os operadores de caixa vieram falar comigo para pedir foto. São 30 anos me dedicando à profissão, fazendo teatro, cinema, televisão, sempre com muito amor. Ver essa contrapartida do público realmente tem sido a cereja do bolo — diz.
Nos capítulos mais recentes da novela, o médico se apaixonou por Buba (Gabriela Medeiros). Monteiro afirma que se sente privilegiado por poder contar essa trama:
— É realmente uma dádiva. Ele é um personagem sensível, que chegou carregado de conflitos na história. Esta virada mostrará maturidade por parte dele. Diferentemente do José Venâncio (Rodrigo Simas), o José Augusto acha a Buba uma mulher incrível e pouco se importa com o que os outros vão pensar (pelo fato de ela ser uma mulher trans). Poder ser porta-voz deste amor, num país tão transfóbico e com altíssimos índices de assassinatos de pessoas LGBTQIAP+, é uma honra.
A novela foi também uma oportunidade para Renan encontrar amigos de uma vida inteira. Nascido e criado no Vidigal, comunidade da Zona Sul do Rio, ele fez parte do grupo de teatro “Nós do morro”, onde conheceu Marcello Melo Jr. e Juan Paiva, intérpretes de José Bento e João Pedro:
— Eu e o Marcello nos conhecemos desde crianças. Já o Juan foi meu aluno de teatro na comunidade, quando ele tinha cerca de 12 anos. Somos da periferia, frutos de projetos sociais, e hoje estamos num projeto de grande destaque. Isso mostra como o Brasil é um país supertalentoso e diverso, e que as pessoas precisam realmente de oportunidade.
Assim como seu personagem na novela, Renan perdeu a mãe biológica muito cedo, quando ainda era adolescente:
— Pouco antes, eu tinha ganhado uma bolsa para estudar teatro na Inglaterra. Voltei e fizemos uma montagem. Foi a única peça que ela viu na vida. O meu primeiro protagonista, fazendo Shakespeare.
Com o pai biológico, ele só foi ter contato depois de adulto:
— A minha história não é diferente da vivida por muitas famílias brasileiras, em que as mães é que seguram o rojão. O meu pai eu fui reencontrar anos depois, já fazendo televisão e com as pessoas conhecendo mais a minha história. Eu tinha 25 anos e dava aula de teatro numa escola municipal em Realengo (bairro da Zona Oeste do Rio). Ele morava lá perto, e um dia foi lá me ver. Hoje, temos uma relação de amizade. Claro, há um buraco que nunca vai ser preenchido, que é aquele período da criação, da infância.
Ele conta que a arte o presenteou com uma outra mãe, Dhu Moraes. Após um trabalho juntos, eles não se desgrudaram mais:
— Ela me adotou como filho, e eu a adotei como mãe. Hoje, somos uma família de verdade.
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A família inclui ainda a companheira do ator, Sarah, com quem ele mora e tem um relacionamento de seis anos:
— Estamos sempre juntos. Ela esteve ao meu lado nos períodos difíceis da minha carreira e agora também, neste momento maravilhoso. Uma vontade que temos e que ainda não conseguimos concretizar é fazer uma viagem internacional juntos. Se Deus quiser, depois da novela, vamos conseguir. Ela é muito na dela, gosta de ficar longe dos holofotes.