Aos 33 anos e com novelas, séries e filmes no currículo, Indira Nascimento conta que demorou a assumir as artes cênicas como profissão. Ela, inclusive, chegou a se formar em jornalismo.
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— Eu sempre me envolvi com coisas artísticas na escola. Quando comecei a fazer jornalismo, todos os meus trabalhos eram meio artísticos. Sempre dava um jeito de fazer um curta, de fazer uma apresentação. Eu fui resistindo a isso (atuação) durante a vida, porque de alguma forma entendia que não era para mim. Fui modelo aos 15 anos e não tinha, talvez, tanta clareza sobre ser atriz. Mas quando eu tinha 20 anos, fiz uma viagem que foi um divisor de águas. Fui para Moçambique fazer serviço social e me transformei. Mexeu muito comigo. Lá eu entendi que a vida é uma só, até onde a gente sabe (risos). Assumi as rédeas, voltei para o Brasil muito decidida a isso: a fazer algo não porque era o mais adequado, mas fazer algo pelo qual eu tinha paixão.
A atriz acaba de gravar a novela "Dona Beja", da Max, remake do clássico da TV Manchete, de 1986. Ela afirma saber da importância da obra e adianta que a versão atual conta com algumas mudanças. Uma delas é que sua personagem, Maria Sampaio, que na original foi vivida por Mayara Magri, agora é apaixonada pela protagonista, Beja (Grazi Massafera).
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— Na verdade, a nossa obra é livremente inspirada na trama original. A gente fez uma grande adaptação. A minha família, a família Sampaio, nessa nova versão é uma família preta. Eu sou irmã do Antonio (David Junior), que é apaixonado pela Beja. A minha personagem agora também é apaixonada por ela, e não era antes. A gente entendeu que dava para seguir de uma maneira mais autônoma.
Segundo Indira, Maria é a personagem mais desafiadora de sua carreira:
— A Maria é uma mulher que se apaixona por outra mulher, e isso falando do século passado é muito complicado. Se ainda hoje é, naquela época era não sei quantas vezes pior. Ela tem o desafio de viver numa sociedade que não aceita a sua existência, não aceita a sua humanidade. Está dentro de uma família que não a aceita como ela é e vive dentro de uma sociedade muito religiosa que também não a aceita. Então, é uma personagem com muitas nuances e camadas, com uma trama própria, muito complexa. Ela tem, talvez, o arco narrativo, dramático, mais interessante — analisa a atriz.
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Relembre famosos que já namoraram
Indira comemora o fato de que há mais representatividade na televisão hoje em dia em comparação com alguns anos atrás, mas acredita que ainda há um longo caminho a percorrer:
— Sem dúvida se a gente olhar as produções de 10 anos atrás e olhar agora, a gente tem um número maior da participação de artistas pretos, tanto na frente das telas quanto por trás delas. Mas eu ainda sinto muita falta de mulheres retintas ocupando espaços de protagonismo. A gente também tem que começar a pensar em elencos que possam ser, de fato, diversos, com pessoas pretas, amarelas, trans, gordas e PCDs.
Em fevereiro, Indira e Lucy Alves assumiram publicamente que estão namorando. Recentemente, a atriz esteve na plateia do "Domingão com Huck" para prestigiar a namorada na "Dança dos Famosos". Ela conta como foi acompanhar a competição de pertinho:
— Foi uma experiência nova para mim. É uma adrenalina muito alta. A gente torce, fica ali assistindo... E eu fiquei já contabilizando os votos para ver em qual lugar a Lucy iria ficar. Tenho acompanhado a dedicação, o esforço, os ensaios... Então, a gente escolheu fazer isso, que eu fosse ali apoiá-la publicamente.
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Ao ser perguntada se hoje em dia é mais fácil para os artistas assumirem sua sexualidade, afirma que ainda há muito preconceito, mas que elas não vão "se esconder":
— A gente tem uma onda conservadora muito forte. Não acho que seja mais fácil, porque esse conservadorismo continua ainda muito presente na nossa vida. Mas a gente não vai retroceder e diminuir a nossa existência, limitar a nossa vida por conta disso. A gente precisa avançar, por nós e pelos outros também que não têm tanto espaço. Acreditamos que essa é a nossa realidade, é o que nós somos. Temos muito orgulho disso e não vamos nos esconder. Não vamos deixar de existir por conta dessa onda violenta de preconceito que a gente sabe que está aí, atuante, presente ainda.
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Ela acrescenta, no entanto, que o casal prefere manter o relacionamento de uma forma mais discreta:
— A gente não fala muito disso ainda. A gente preserva um pouco a nossa história, o nosso começo. Enfim, não estamos vivendo escondidas, a gente está aí, estamos vivendo a nossa história, mas algumas coisas a gente gosta de ter só para a gente.