Por anúncio de apoio a rival nas eleições, prefeito de BH exonera dez servidores ligados a Kalil

Fuad Noman (PSD) reagiu à ida do ex-prefeito ao Republicanos no Diário Oficial desta sexta-feira; entre os funcionários demitidos, consta uma ex-namorada e a sobrinha de sua irmã

Por — Rio de Janeiro


O prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman, e o ex-prefeito Alexandre Kalil (Republicanos) Agência O Globo

Pouco mais de uma semana após o ex-prefeito Alexandre Kalil ter anunciado seu apoio ao pré-candidato do Republicanos nas eleições municipais de Belo Horizonte, o atual prefeito, Fuad Noman (PSD), reagiu e exonerou cerca de dez aliados. Entre os demitidos nesta sexta-feira, estão Fernanda Amarante Guimarães, com quem se relacionou entre 2011 e 2012, e a fotografa Amira Hissa, sobrinha de sua irmã, Gisele Kalil.

Os exonerados ocupavam cargos de remuneração variada, entre R$ 5.200,39 e R$ 10.400,78. Articuladores de Kalil ouvidos pelo GLOBO apontam que o ex-prefeito teria ficado mais chateado quando seus secretários e quadro técnico foram exonerados, logo após deixar a gestão em 2022 para concorrer ao governo do estado, quando terminou derrotado pelo governador Romeu Zema (Novo).

Segundo fontes, os desligamentos divulgados nesta sexta-feira não o pegaram de surpresa, uma vez que o seu núcleo político não estava envolvido. Procurado, Kalil disse que a atitude do prefeito era "tão baixa" que não iria se manifestar.

Entre os desligados, a mais próxima é uma parente distante do ex-prefeito, a fotografa Amira Hissa, que é sobrinha de sua irmã. Segundo articuladores de Fuad Noman, Amira vinha apresentando uma conduta reprovável no exercício do trabalho, o que teria gerado uma transferência para a assessoria da presidência da Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur). A movimentação política na capital mineira representou uma oportunidade de desligá-la.

A ex-primeira-dama Ana Laender também teve pessoas próximas a ela demitidas: sua sobrinha, Carolina, deixou a Secretaria de Cultura, e sua amiga, Cláudia Barcaro, a Saúde.

Já a ex-namorada de Kalil, Fernanda Amarante, estava lotada na Procuradoria-Geral do Município, em um cargo com remuneração de R$ 8.667,3. Seu irmão, Marcelo Amarante Guimarães, também foi exonerado da prefeitura. Ele era comissionado na Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica.

No ano passado, o Ministério Público de Minas Gerais chegou a pedir a condenação de Kalil por nepotismo justamente por sua nomeação, ainda em 2020.

Na fundação na qual Marcelo trabalhava, ocorreu outra demissão relevante — a de Raimundo Cirilo Martins, marido da cunhada de Kalil.

De aliados a rompidos

O prefeito Fuad Noman ocupava cargos em secretariados até surgir a oportunidade de ser vice de Alexandre Kalil. Os dois foram eleitos em 2020 e governaram pacificamente por pouco mais de um ano.

Em março de 2022, Kalil renunciou para disputar o governo estadual, corrida na qual teve o apoio de Fuad. As mágoas começaram a surgir quando o prefeito ganhou asas próprias e exonerou seus indicados.

Mas foi apenas neste ano que os ânimos entre os dois se exaltaram de fato. Como antecipou Naira Trindade, da coluna Lauro Jardim, a disputa política no Atlético Mineiro gerou um impasse.

Ex-presidente do Galo, Kalil não tem afinidade com os dirigentes atuais do clube, os empresários Rubens Menin, Rafael Menin, Ricardo Guimarães e Renato Salvado. Em contrapartida, o quarteto se aproximou de Fuad, o que gerou ciúmes.

O racha foi exposto há pouco mais de uma semana, quando Kalil anunciou sua desfiliação do PSD e sua ida para o Republicanos.

De partido novo, o ex-prefeito irá mergulhar na campanha do deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos), adversário de Fuad Noman nas eleições pela prefeitura de Belo Horizonte.

Segundo a última Quaest divulgada na capital, Tramonte lidera a disputa, com 25% das intenções de voto. Atrás dele, seis pré-candidatos aparece empatados, incluindo o prefeito do PSD.

Ainda de acordo com a amostra, o que pesa contra Fuad Noman é o desconhecimento por parte de 48% da população. Em contrapartida, sua gestão é bem avaliada: 32% dos belo-horizontinos apontam seu governo como positivo, enquanto 38% o consideram regular.

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