Com a presença de Eduardo Cunha e filha, filho de Brazão lança candidatura a vereador do RJ em reduto da família

Evento em Jacarepaguá teve camiseta lamentando 'ausência do líder', em referência a Domingos Brazão, preso no caso Marielle. À época, Dani Cunha se colocou contra a expulsão de Chiquinho Brazão, deputado pelo União


Dani e Eduardo Cunha participam de lançamento de campanha de Kaio Brazão Filho, filho de Domingos Brazão, preso acusado de envolvimento na morte de Marielle Reprodução / Instagram

RESUMO

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GERADO EM: 27/08/2024 - 12:53

Escândalo político no Rio: Cunha apoia candidatura ligada a caso Marielle

Em evento político no Rio, Eduardo Cunha apoia candidatura de Kaio Brazão, filho de Domingos e sobrinho de Chiquinho Brazão, envolvidos no caso Marielle. Cunha e filha marcam presença. Enquanto a família é associada a polêmicas, o ex-sargento Ronnie Lessa faz delação sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco, envolvendo os Brazão, entre outros.

O ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (Republicanos-RJ) foi uma das presenças ilustres no lançamento da candidatura de Kaio Brazão (Republicanos-RJ) à Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, nesta segunda-feira, em evento realizado em Jacarepaguá, na Zona Oeste. O candidato é filho de Domingos e sobrinho de Chiquinho Brazão, presos acusados de serem os mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL).

Kaio subiu ao palco do evento vestindo uma camiseta com os dizeres "liberdade aos irmãos Brazão". Durante os discursos, um aliado político afirmou que a "ausência de nosso líder (Domingos) causa uma tristeza", em vídeo compartilhado por Kaio em suas redes sociais.

Cunha estava ao lado da filha Daniela, deputada federal pelo União-RJ. O ex-deputado, que reativou sua conta no X, não publicou nada sobre o evento em suas redes sociais. Já Dani Cunha compartilhou vídeos do evento e discursou no palanque.

Sob olhares de Eduardo Cunha, Kayo Brazão lança candidatura a vereador e veste a camisa pedindo liberdade do pai e do tio acusados de envolvimento na morte de Marielle — Foto: Reprodução / Instagram

Eduardo Cunha, que comanda o diretório do Republicanos na capital fluminense, já havia participado de um evento com a presença de Kaio no início do mês, quando o partido anunciou o apoio à candidatura de Alexandre Ramagem (PL) à prefeitura do Rio.

A família Cunha é muito próxima aos Brazão. Em março deste ano, à época da prisão de Chiquinho, acusado da morte de Marielle, Dani Cunha saiu em defesa do deputado federal e então colega de partido no grupo de WhatsApp da bancada de senadores de sua legenda.

Ela se colocou contra a expulsão de Brazão, decidida, por unanimidade, em uma reunião da executiva nacional da sigla. Dani também fez um apelo emocional pela soltura do político aos colegas na Câmara.

No evento, o telão exibiu ainda o vídeo de um beijo dado por Kaio em seu pai, conforme repostado pela conta do Instagram do candidato a vereador.

Filho de Domingos, Kaio Brazão lança candidatura a vereador no Rio

Depoimento de Roni Lessa

Um dia após o lançamento da campanha de Kaio Brazão, o nome da família deve continuar sob os holofotes. Nesta terça-feira, o ex-sargento da Polícia Militar Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, vai falar pela primeira vez desde a homologação de sua delação premiada. Em seguida, será ouvido outro colaborador, compadre e cúmplice de Lessa no crime, o também ex-policial Élcio de Queiroz, que conduziu o carro durante o ataque contra a parlamentar, há seis anos.

A expectativa é grande em relação ao que Ronnie Lessa dirá diante da Procuradoria-Geral da República, dos assistentes de acusação das vítimas e das defesas dos réus: os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão — conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) e deputado federal, respectivamente —; o ex-chefe de Polícia Civil, Rivaldo Barbosa; Robson Calixto Fonseca, conhecido como Peixe; e o major Ronald Paulo Alves Pereira. De acordo com as investigações da Polícia Federal, os três primeiros são apontados como mandantes do duplo homicídio.

Élcio de Queiroz e Lessa fizeram acordos de delação premiada com a Polícia Federal e o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e a Procuradoria-Geral da República (PGR). Como Lessa mencionou o nome do deputado federal Chiquinho Brazão, que tem foro privilegiado, o caso passou a ser julgado pelo STF, com a PGR acompanhando o processo. Nos últimos 10 dias, as sessões da audiência de instrução e julgamento, uma fase crucial tanto para a defesa quanto para a acusação, permitiram esclarecer muitos pontos e questionar as investigações diretamente com as testemunhas.

O envolvimento dos irmãos Brazão

Desde que o pai passou a figurar como provável mandante do crime, no fim do ano passado, após a delação de Ronnie Lessa, Kaio tomou a frente da defesa pública dele, a quem se refere como “grande líder”. O tio, Chiquinho, também costuma ser lembrado de maneira positiva nas publicações.

As primeiras associações da família Brazão ao caso vieram à tona ainda em 2019, quando um relatório da Polícia Federal (PF) apontou Domingos Brazão como o “principal suspeito de ser autor intelectual” dos assassinatos da vereadora e do motorista.

O conselheiro do TCE sempre negou a participação no crime. Ele já havia sido denunciado pela então procuradora-geral da República Raquel Dodge, em 2019, por atrapalhar a investigação, mas a Justiça do Rio rejeitou o pedido. Seu nome passou a ser revisitado também no ano passado com a delação do também ex-PM Élcio de Queiroz, preso em 2018, suspeito de envolvimento no crime.

No ano passado, documentos apreendidos no apartamento de Jomar Duarte Bittencourt Junior, o Jomarzinho, em 24 de julho, revelaram vínculos dele com a família do conselheiro do TCE Domingos Brazão. Jomarzinho é apontado como um dos responsáveis pelo vazamento de informações sobre uma operação em 2019 contra envolvidos no caso. Em julho deste ano, a Polícia Federal cumpriu mandando de busca e apreensão em seu apartamento.

Os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão convivem há tempos com polêmicas e denúncias em torno de suas atividades político-empresariais no Rio. Ao longo de seus 25 anos de vida pública, Domingos coleciona envolvimento em suspeitas de corrupção, fraude, improbidade administrativa, compra de votos e até homicídio.

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