Líder do PL na Câmara pede expulsão de Mauro Cid do Exército e reclama: 'Essa delação é ridícula'

Filho do ex-presidente, Eduardo Bolsonaro também comentou as informações repassadas pelo tenente-coronel à PF e defendeu que 'não tem como ficar conjecturando' antes de o documento se tornar público

Por — Rio de Janeiro


O deputado federal Altineu Côrtes (PL-RJ) Câmara dos Deputados

Líder do PL na Câmara, o deputado Altineu Côrtes (PL-RJ) teceu duras críticas ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, também do PL. O parlamentar questionou as revelações feitas pelo ex-assessor do então presidente em acordo de delação premiada firmado com a Polícia Federal (PF). Como revelou, nesta quinta-feira, a colunista do GLOBO Bela Megale, Cid contou ter presenciado uma reunião de Bolsonaro com os comandantes das Forças Armadas à época na qual foi debatida a elaboração de uma minuta que abriria a possibilidade para uma intervenção militar após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições.

— Cid tem que ser demitido do Exército. Essa delação é ridícula. Não há prova material — afirmou Côrtes em entrevista à CNN.

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O correligionário de Bolsonaro também criticou os rumos recentes da CPMI do 8 de janeiro. Após as revelações de Mauro Cid, parlamentares governistas que integram a comissão vêm se articulando para convocar o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos — o chefe da Força marítima, segundo o tenente-coronel, teria sido o único a endossar as intenções golpistas durante o encontro.

— A relatora da CPMI descambou para o embate político — reclamou o líder do PL, referindo-se à senadora Eliziane Gama (PSD-MA), que também defendeu que Garnier compareça ao colegiado e se referiu ao militar como "uma figura central nas investigações".

Quem também comentou a delação de Mauro Cid nesta sexta-feira foi o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente. O parlamentar, no entanto, evitou comentários mais objetivos sobre as informações fornecidas à PF pelo ex-ajudante de ordens do pai.

— Não tenho informações sobre isso. A delação está pública? Como é que vocês sabem disso? A gente só pode falar alguma coisa quando a delação estiver pública. Não tem como ficar conjecturando antes disso — disse Eduardo ao jornal Folha de S. Paulo, após ser perguntado se acreditava que Cid inventou o episódio.

Como mostrou a colunista Bela Megale, o tenente coronel contou que, durante o encontro de Bolsonaro com a Alta Cúpula militar, o almirante Almir Garnier Santos teria dito ao então presidente que sua tropa estava pronta para aderir a um eventual chamamento golpista. Por outro lado, ainda de acordo com o relato de Cid, o comando do Exército afirmou, naquela ocasião, que não embarcaria no plano.

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