Tietagem, lágrimas e tributo à mulher de Barroso: os bastidores de Maria Bethânia na posse do presidente do STF

Presença da estrela da MPB impactou na solenidade desde antes de seu início, gerando uma espécie de 'overbooking' devido à busca de convites junto à Corte

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Três momentos de Maria Bethânia durante a cerimônia: na primeira fila, cantando o hino nacional e entoando música de Chico Buarque Fotos de Fellipe Sampaio/SCO/STF

Convidada para cantar na posse de Luís Roberto Barroso como presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quinta-feira, Maria Bethânia protagonizou alguns dos momentos mais marcantes da cerimônia. Além de entoar o hino nacional, como já estava previsto, a cantora também performou uma música de Chico Buarque, em surpresa vista como uma homenagem à mulher do ministro, morta em janeiro.

A presença da estrela da Música Popular Brasileira (MPB) impactou na solenidade desde antes de seu início. Nos dias anteriores, após a informação de que Bethânia cantaria o hino começar a circular, a procura por convites junto ao Supremo disparou, gerando uma espécie de "overbooking" no cerimonial da Corte. Os lugares, no entanto, já estavam esgotados para quem quisesse acompanhar a cerimônia tanto dentro quanto fora do plenário.

Maria Bethânia durante a passagem de som — Foto: Mariana Muniz/Agência O Globo

Na chegada ao STF, a artista — que também estava acompanhada de uma equipe própria — contou com uma recepção personalizada, feita por funcionários destacados para cuidar especialmente dela. À tarde, pouco antes da cerimônia, ela visitou o plenário para uma rápida passagem de som.

Neste momento, servidores e convidados que já estavam no local aproveitaram para tirar fotos e fazer vídeos de Maria Bethânia, em uma tietagem discreta, sem assédios diretos. Ao fim da testagem, a cantora recebeu um beijo na mão de Marco Aurélio Mello, ministro aposentado do STF.

Maria Bethânia na primeira fila durante a cerimônia — Foto: Fellipe Sampaio/SCO/STF

Durante a cerimônia, Maria Bethânia sentou-se na primeira fila, na primeira cadeira à esquerda. Na mesma fileira, estavam ministros de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como Rui Costa (Casa Civil), Renan Filho (Transportes) e Camilo Santana (Educação). Outros titulares de pasta, como Anielle Franco (Igualdade Racial), ficaram algumas filas atrás.

A cadeira reservada para Maria Bethânia — Foto: Mariana Muniz/Agência O Globo

A primeira participação de Maria Bethânia, como era esperado, deu-se na representação do hino brasileiro, ainda no início da cerimônia. A espera de alguns instantes até que a apresentação começasse gerou momentos de silêncio e expectativa entre quem acompanhava a solenidade, com efusivos aplausos ao término.

O plenário ainda veria um segundo momento digno da grandeza da artista, desta vez de surpresa. Ao fim do evento, depois de Barroso anunciar uma "homenagem que todos haverão de entender", Maria Bethânia retomou o microfone para cantar "Todo o Sentimento", de Chico Buarque.

Plenário lotado durante a apresentação de Maria Bethânia — Foto: Fellipe Sampaio/SCO/STF

Trata-se da mesma canção que o ministro do STF postou nas redes sociais dias após a morte da esposa, Tereza Barroso, em janeiro. A escolha pela obra, portanto, foi vista como uma espécie de tributo de Barroso à companheira de longa data, com quem teve dois filhos. Tanto o magistrado quanto os herdeiros do casal se emocionaram durante a apresentação, e Barroso chegou a aparecer enxugando as lágrimas.

O convite para que Maria Bethânia participasse da solenidade foi feito pessoalmente pelo novo presidente da Corte, que é fã declarado da cantora. Com frequência, ele recomenda playlists com músicas da artista aos seguidores no X (ex-Twitter). A cantora não cobrou cachê.

Emocionado, Barroso cumprimenta Maria Bethânia — Foto: Fellipe Sampaio/SCO/STF
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