Grupo de Kataguiri e Arthur do Val, MBL inicia projeto para criação de partido próprio

Anúncio será em congresso no próximo sábado; proposta é tirar nova legenda do papel até as eleições de 2026, o que possibilitaria ao grupo ter candidato próprio à presidência da República


O deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP) apoiou eleição de Bolsonaro, mas se tornou crítico do ex-presidente Democratas/Divulgação

O Movimento Brasil Livre (MBL) vai anunciar no próximo sábado, durante a oitava edição de seu congresso nacional, em São Paulo, o início do processo de criação de um partido político próprio. A proposta é tirar a nova legenda do papel até as eleições de 2026 — o que possibilitaria ao grupo ter um candidato à presidência da República. O nome do apresentador Danilo Gentili já foi citado como opção pelo deputado federal Kim Kataguiri (União-SP), um dos fundadores do MBL, em algumas ocasiões.

Para criar o novo partido, o MBL deve coletar 491,9 mil assinaturas em pelo menos nove unidades da federação. O último partido a conseguir registro junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi a Unidade Popular pelo Socialismo (UP), em 2019. O ex-presidente Jair Bolsonaro tentou viabilizar a criação do Aliança pelo Brasil, que seria uma legenda conservadora e de direita, mas fracassou.

A criação de uma sigla própria pelo MBL já havia sido ventilada em anos anteriores, mas agora, dizem integrantes do movimento, há "história e experiência suficiente" para tal.

"O Congresso também vem com a promessa de anunciar novos rumos para o movimento, seja na sua estrutura interna, como Academia MBL, Revista Valete e Clube, como nas eleições municipais do próximo ano. Obviamente, não poderia faltar um anúncio exclusivo sobre a tão especulada criação do partido, o maior projeto da história do movimento", diz nota enviada à imprensa.

Dificuldades pelo caminho

O processo para fundar a legenda terá início num momento em que o deputado federal Kim Kataguiri, um dos principais nomes do movimento, enfrenta dificuldades para colocar de pé sua candidatura à prefeitura de São Paulo. Parte do diretório municipal defende a reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB).

O grupo entende que tem força eleitoral para ter bom desempenho em 2024. Isso porque a candidatura do grupo no pleito anterior, em 2020, com o deputado estadual Arthur do Val — que teve o mandato cassado no ano passado por conta de declarações sexistas sobre mulheres refugiadas da guerra da Ucrânia —, teve 522.210 votos (9,78%), à frente do nome do PT, Jilmar Tatto (461.666 votos, ou 8,65%).

O Congresso Nacional do Movimento Brasil Livre, que será realizado no Parque da Mooca, contará com a presença de figuras como o senador e ex-juiz da Lava-Jato Sergio Moro (União-PR) e o ex-presidente Michel Temer. O emedebista vai discursar no painel "Impeachment em 5 Fatos".

Criado em 2014, em apoio à operação Lava-Jato e sob o discurso de renovação política, o MBL viveu momentos de crise nos últimos anos, a partir do rompimento com o então presidente Jair Bolsonaro e do vazamento de áudios sexistas do deputado estadual cassado Arthur do Val. Algumas das principais lideranças deixaram o movimento nesse período, a exemplo dos vereadores paulistanos Fernando Holiday (PL) e Rubinho Nunes (União).

No ano passado, o movimento elegeu Kim Kataguiri para a Câmara dos Deputados. Em assembleias, há também só um deputado, Guto Zacarias, em São Paulo. A maior parte dos integrantes com mandato está hoje filiada ao União Brasil, mas há parlamentares, em especial vereadores, no PSDB e no Partido Novo. O MBL estima ter 8 mil militantes espalhados pelo Brasil.

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