'Afronta aos religiosos': pastores e bancada evangélica culpam Lula por anulação de isenção fiscal

Receita Federal suspendeu imunidade tributária sobre os salários dos líderes religiosos; benefício havia sido concedido em 2022, durante o governo Bolsonaro

Por — Rio de Janeiro


O pastor Silas Malafaia e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva PR/Divulgação e Ricardo Stuckert/Divulgação

Uma medida publicada no Diário Oficial da União desta segunda-feira gerou incômodo entre líderes religiosos e parlamentares da bancada evangélica. Isto porque o secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, anulou a isenção tributária sobre os salários de ministros de todas as religiões. O benefício no Imposto de Renda havia sido concedido às vésperas das eleições de 2022, último ano do governo de Jair Bolsonaro (PL), que tentava à reeleição.

Na decisão mais recente, contudo, a Receita alega que o ato de 2022 não foi aprovado pela subsecretaria de tributação, o que justificaria sua anulação. Na avaliação do deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), a atitude que ocorre no governo Lula (PT) é uma afronta as religiões.

— Isso não era um ato de Bolsonaro, era um ato elusivo dos técnicos da receita que elucidava o óbvio: salários de líderes de qualquer constituição estavam imunes à imposto, à luz da Constituição Federal. Agora, os técnicos de Lula dão margem a multas indevidas. É mais uma medida de afronta aos religiosos — defende o parlamentar.

Na mesma toada, o presidente da bancada evangélica no Senado, Carlos Viana (Podemos-MG) afirma que a gestão do petista utiliza as instituições para atacar quem discorda politicamente.

— A esquerda pratica o ditado: "Aos amigos tudo, aos inimigos a lei" — diz Viana. O argumento de perseguição religiosa também foi mencionada pelo pastor Marco Feliciano (PL-SP), da Assembleia de Deus. "Lula iniciou sua vingança contra nós", afirmou.

O fundador da Sara Nossa Terra, bispo Robson Rodovalho, concorda com os parlamentares e diz que o ato reiterava o que já estava previsto na Constituição Federal:

— Pastores e padres não tem salários. Conceito equivocado . Temos prebendas missionárias, nem sempre fixas. Já se tem leis específicas sobre a imunidade, se alguém recorrer a Justiça, deve cair essa resolução da receita.

O impasse gera uma nova rusga entre o presidente Lula (PT) e os evangélicos. Desde o início do governo, líderes reclamam da ausência de proximidade com o Palácio do Planalto, enquanto pastores ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro mantém críticas ao petista.

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